Educação para salvar os peixes-boi

Antônio Assis
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Mon Jun 13 20:58:00 BRT 2016 - Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco
Peixe-boi é visto por moradores da Ilha de Deus, no Recife
Mesmo com o trabalho de preservação desenvolvido por várias organizações, o peixe-boi marinho ainda está ameaçado de extinção no País. A espécie, que já foi quase dizimada no passado devido à caça predatória, hoje sofre por um outro motivo: o espaço cada vez mais limitado dos seus habitats. O avanço da ocupação humana em regiões costeiras é a causa principal.

No entanto, não é só isso que preocupa. A falta de consciência ambiental quando aparece um desses animais nas águas também é um outro fator. Na comunidade Ilha de Deus, nos bairros da Imbiribeira e Pina, Zona Sul do Recife, a aparição do mamífero tem causado euforia entre os moradores.

O encontro, que acontece sempre nas primeiras horas das manhãs, tem preocupado técnicos do Projeto Peixe-Boi, órgão administrado pelo Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene). Ontem, a comunidade recebeu uma ação educativa dos biólogos do Projeto. Não tocar, alimentar nem dar água. Muito menos subir neles. Esses foram os ensinamentos reforçados junto aos moradores. Ao término, todos receberam uma cartilha para que as orientações não fossem esquecidas.

A pequena Suelayne de Souza, 10 anos, aprendeu bem a lição. "Quando ele (o peixe-boi) apareceu, dei cenouras. Mas, agora, não farei mais. Senão, ele não volta mais para o mar", disse. Lucas Nunes, 12, fez coro com a colega: "Ele é legal e gosta de brincar com a gente, mas se a gente continuar assim, ele vai se acostumar", complementa.

O peixe-boi que apareceu, na verdade, se trata de uma das fêmeas introduzidas em Alagoas há cerca de dois anos. Mas, ainda não se sabe se foi Clara, Natália ou Quitéria, todas da espécie marinho. Uma equipe do projeto voltará à comunidade nos próximos dias a fim de analisar as condições do animal, caso ele retorne novamente.

"Mesmo que inocentemente, ao interagirem com o animal, quebra-se um ciclo. Eles são dóceis e acabam entendendo que é para ficar por aqui", reforçou a coordenadora do Projeto Peixe-Boi, Fernanda Attademo.

Priscilla Costa

Folha-PE

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