Hoje é dia de tomar uma cerveja

Antônio Assis
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Marina Barbosa
Folha-PE

Hoje é dia de tomar uma cerveja. Só não vale uma marca importada. Afinal, é comemorado o Dia da Cerveja Brasileira. A data foi criada há quatro anos para celebrar a expansão do mercado cervejeiro nacional. Entre 2004 e 2013, o setor cresceu 6,5% ao ano, alçando o Brasil ao posto de terceiro produtor mundial da bebida. E nem a crise econômica que balançou a economia tirou a importância do setor, que ainda produz uma média de 14 bilhões de litros anuais. O montante só fica atrás da produção da China e dos Estados Unidos.

Só em 2014, essa cadeia produtiva foi responsável por 1,6% do PIB do País. Com mais de 50 fábricas, o setor já representa 14% da indústria de transformação nacional e gera 2,2 milhões de empregos. Cada um desses postos de trabalho ainda cria mais 52 vagas indiretas. Por isso, só em salários, o mercado cervejeiro entrega R$ 27 bilhões por ano. E o retorno para a economia nacional é bem maior. Em 2014, o faturamento foi de R$ 70 bilhões e a geração de impostos bateu os R$ 21 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil).

Os números são tão expressivos porque, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), esse é o setor produtivo de maior efeito multiplicador. Estima-se que a cada R$ 1 investido na produção cervejeira outros R$ 2,50 são aportados na economia nacional. E não foram poucos os aportes que as grandes marcas de bebidas efetuaram no Brasil nos últimos anos. Só entre 2010 e 2014, os grupos Ambev, Brasil Kirin, Petrópolis e Heineken Brasil, que respondem por 96% do mercado nacional, aplicaram R$ 17 bilhões. Pelos cálculos da FGV, a aposta gerou um retorno de R$ 42,5 bilhões.

Um dos estados mais beneficiados por esta expansão foi Pernambuco, que recebeu fábricas das três maiores companhias brasileiras - Ambev, Brasil Kirin e Petrópolis - nos últimos cinco anos. O investimento beira os R$ 2 bilhões e criou um polo cervejeiro em Itapissuma. “Houve um investimento expressivo na ampliação da capacidade produtiva no Nordeste. São fábricas com os mais modernos equipamentos e produção bastante expressiva”, contou o presidente da CervBrasil Paulo Petroni.

Ele explicou que esse movimento é uma resposta ao crescimento do mercado nordestino. A região é a segunda maior consumidora de cerveja do País, com 23,5% de participação. “É um mercado em ebulição, que causa um impacto muito importante na economia do País”, admite Eliana Cassandra, gerente de propaganda do Grupo Petrópolis.

A companhia alavancou sua produção e suas vendas com a inauguração da fábrica de Itapissuma, que gera 600 milhões de litros de Itaipava por ano. “Estávamos investindo em um mercado novo, mas a aceitação do consumidor nordestino foi grande. Só entre 2014 e 2015, nossa participação neste mercado cresceu 42%”, celebra Eliana.

Investindo R$ 3,1 bilhões no Brasil, a Ambev também viu sua receita líquida crescer 12% em 2015, chegando a R$ 46,7 bilhões. E a expectativa do setor é continuar em expansão nos próximos anos. Paulo Petroni acredita que, quando a economia brasileira se recuperar, o setor vai retomar o crescimento da última década. Afinal, apesar da produção volumosa, o Brasil ainda tem espaço para conquistar no mercado cervejeiro. “Comparada a de outros países, a litragem per capita nacional é pequena. Temos potencial de expansão de consumo”, explicou Kathia Zanatta, mestre cervejeira e sócia-diretora do Instituto da Cerveja. Segundo o CervBrasil, o País é apenas o 27º consumidor mundial da bebida, com 66,9 litros/ano por pessoa. A associação ressalta, no entanto, que 75% do que é consumido no Brasil é produzido em território nacional.

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