Aluno de escola pública prêmiado nos EUA quer mudar a vida de amputados

Antônio Assis
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Thiago Varella
UOL

No mês passado, 12 projetos realizados por estudantes brasileiros de ensino médio conquistaram prêmios na Intel ISEF (Internacional Science and Engineering Fair ou, em português, Feira Internacional de Ciência e Engenharia), realizado em Phoenix, no Estado norte-americano do Arizona. Trata-se de um dos mais importantes eventos de ciência do planeta.

Dois desses projetos chamam atenção pelo número de conquistas – três premiações cada um - e também pela sofisticação de ideias. Os autores estão saindo da adolescência, ainda nem entraram no mercado de trabalho e já estão colocando em prática invenções que podem revolucionar suas áreas de atuação.

Aos 17 anos, Luiz Fernando da Silva Borges, de Aquidauana (MS), misturou neurociência e robótica para vencer o primeiro prêmio da Intel ISEF. Seu projeto, talvez, seja o mais ousado: ele criou um software que possibilita uma pessoa amputada movimentar um braço virtual usando impulsos elétricos vindos do próprio músculo. É como se, no ambiente de realidade virtual, o sujeito voltasse a ter um braço normal, como o de qualquer outra pessoa.

Mais do que isso, o projeto de Borges fez com que amputados tivessem sensações no membro que perderam.
Inspiração

E, como um rapaz tão jovem, conseguiu ter uma ideia assim? E mais, como a colocou em prática?

Bem, a inspiração, segundo ele, veio do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis que fez com que uma pessoa paraplégica desse o pontapé inicial da Copa de 2014. E a ideia surgiu assistindo a um episódio da série House em que é relatado um caso de síndrome do membro fantasma em uma pessoa amputada.

"No episódio, o doutor House utiliza a terapia da caixa de espelhos para fazer o tratamento das pessoas com síndrome do membro fantasma. Nesta terapia, você esconde o coto do amputado atrás de um espelho e projeta o braço que ele ainda tem. Quando ele mexe o braço que tem, o cérebro interpreta que o braço que ele perdeu voltou. Com isso, as dores no membro fantasma tendem a diminuir. E isso me deu um insight para meu projeto", explicou.

Borges estuda no sétimo semestre do curso técnico de informática no Instituto Federal de Aquidauana. Com a ajuda de professores, financiamento dos pais e doações, ele conseguiu colocar seu projeto em prática. Primeiramente, criou um programa para coletar dados dos sinais elétricos musculares do braço 'perdido' de amputados usando a técnica dos espelhos.

Depois, com o auxílio do software criado, Borges bolou uma técnica para que o amputado voltasse a ter sensações no braço que já não existe mais. Sofisticado, não?

"Minha intenção é colocar a solução que eu criei na mão das pessoas que precisam. Agora, necessito de apoio financeiro e intelectual. Para passar de uma pesquisa média para um produto em que ortopedistas podem recomendar leva tempo e dinheiro", afirmou.

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