Quando procurador, Temer chancelou polêmica importação de equipamentos

Antônio Assis
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FREDERICO VASCONCELOS
FOLHA DE SÃO PAULO

Procurador-geral do Estado de São Paulo no governo de Luiz Antônio Fleury Filho (1991-92), o vice-presidente Michel Temer teve sua passagem pelo cargo marcada por uma polêmica: a importação de equipamentos eletrônicos israelenses, com acusação de superfaturamento.

A legalidade da operação havia sido questionada pelo ex-senador Severo Gomes (PMDB), então secretário de Ciência e Tecnologia.

Ele estava convencido de que a compra de equipamentos para as universidades paulistas era irregular, conforme documentos que ofereceu a Temer.

O atual vice, no entanto, disse, em parecer: "Não há o que criticar em matéria de legalidade e regularidade da contratação".

No dia seguinte, Gomes demitiu-se, dizendo que não podia impedir "uma fraude".

A importação sem licitação de equipamentos para as universidades e as polícias estaduais somava US$ 310 milhões. O negócio foi feito com uma triangulação, envolvendo a Sealbrent Holdings Limited, empresa registrada na Irlanda. Com capital de apenas duas libras, essa firma havia sido constituída por um advogado de 18 anos.

O intermediário da operação no Brasil era Arie Halpern, empresário ligado a ex-oficiais israelenses que dirigia a Trace Trading Company. Os pagamentos deveriam ser feitos em bancos na Suíça, Londres e Nova York.

Gomes vinha sofrendo pressões do Palácio dos Bandeirantes, pois resistia a pagar o sinal da compra de equipamentos eletrônicos para a USP e a Unicamp.

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