Giselly Santos
Leia Já
Apesar da postura crítica dos cidadãos diante da conjuntura nacional e dos esquemas de corrupção protagonizados por políticos, uma parcela considerável do eleitor recifense venderia o voto durante o pleito eleitoral deste ano. A constatação é observada no levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), divulgado neste sábado (7), no qual 92,9% dos entrevistados reconhecem que a população vende o voto, enquanto 3,1% dizem que não.

Mesmo com a maioria dando respostas pessoais negativas, o IPMN também indagou a população sobre um contexto geral. De acordo com os entrevistados 91,7% dos eleitores usam a barganha financeira como troca ao direito de votar, 85,2% fazem isso por favores e 84,9% por uma oportunidade empregativa. A prática, no entanto, é reconhecida como crime por 86,6% dos recifenses e 79,3% consideram que quem vende o voto não tem o direito de cobrar algo do político.
Sob a análise do coordenador da pesquisa e cientista político Adriano Oliveira, os dados são um “nítido indicador da força e do poder econômico nas eleições”. “Existe um consenso de que eleitores vendem o voto no Brasil e se eu declaro que eu posso vender meu voto significa que o parlamentar precisa ter dinheiro para comprá-lo”, pontuou, lembrando que ao contrário dos últimos anos as campanhas de 2016 deverão ser mais baratas, visto que o financiamento privado foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “A contradição, diante disso tudo, é que embora o eleitor diga que pode vender o voto, e a maioria das pessoas vendam, ele sabe que é crime”, acrescentou.
Ao IPMN, 77,3% dos eleitores disseram ainda que o voto não deveria ser obrigatório e 84,1% afirmaram que pretendem participar do pleito municipal este ano. O levantamento realizado nos dias 3 e 4 de maio ouviu 623 pessoas. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos.