Pichações tomam conta mureta de proteção no andar superior do prédio. Nem mesmo os canhões escaparam da ação dos pichadores
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
JC Online
Na cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, um monumento que guarda um pedaço da história do período de dominação portuguesa no país pede socorro. O Forte de Pau Amarelo, construído pelos lusitanos na primeira metade do século 18, hoje é uma imagem distante dos tempos áureos em que serviu de ponto estratégico para defesa do território nacional. Tombado desde 1938, o prédio está abandonado. Quem chega à fortaleza se depara com muita sujeira e vandalismo. De acordo com a Prefeitura de Paulista, um plano de revitalização para o espaço está em curso, mas depende da autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em março do ano passado, o JC já havia denunciado o estado de degradação do Forte de Pau Amarelo. Além da pintura irregular dos seis canhões abrigados no terraço superior, as guaritas serviam como depósito de lixo. Na frente do prédio, o mato alto tomava conta. Nem mesmo a placa com informações sobre o forte resistiu, e estava quase toda apagada.

A aposentada Maria José Paes Barreto, 79 anos, vizinha do forte há meio século, se queixou do descaso e da falta de segurança. “O forte não tem nenhuma conservação. É fechado e hoje virou ponto de drogas. Não tem nenhuma segurança, muitas vezes as pessoas sobem e carregam as telhas. A polícia só vem aqui quando a situação está muito perigosa. Fora isso, os desordeiros tomam conta”, reclamou.
A negligência afasta turistas e prejudica o comércio local. É a avaliação da comerciante Gleice Arcoverde, dona de um bar localizado no entorno da fortaleza. “Os turistas chegam na expectativa de conhecer o forte e acabam frustrados. Os clientes sempre comentam sobre a decepção de encontrar o forte nesse péssimo estado. É uma vergonha”, contou a comerciante, que também denunciou que o local virou ponto de encontro para pegas de carro nas noites de terça-feira.
Segundo o secretário de Turismo e Cultura de Paulista, Fabiano Mendonça, o abandono do forte está perto do fim. “Na semana passada, fizemos uma vistoria conjunta com técnicos do Iphan para avaliar o que precisa ser feito. Nossa intenção é levar a Secretaria de Turismo para a fortificação e, assim, dar uma proposta de uso para o local. Como o prédio é tombado, precisamos de uma autorização do Iphan para iniciar a revitalização do forte”, revelou.
De acordo com o titular da pasta, serão feitas intervenções no telhado, na parte hidráulica e elétrica e nas áreas internas, que receberão espaços destinados ao artesanato e turismo, além de alguns conselhos municipais. Segundo o secretário, as intervenções são simples e o tempo de execução da obra é de 20 dias, a partir da autorização do Iphan, que pode demorar de 30 a 45 dias. As obras serão realizadas com recursos da própria prefeitura.