Blog do Kennedy
No debate sobre a necessidade da condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na Lava Jato, têm razão aqueles consideraram a medida desnecessária e abusiva. Lula foi alvo na sexta-feira da Aletheia, a mais recente fase da Lava Jato.
Do ponto de vista jurídico, há argumentos dos dois lados. No entanto, quando procuradores da República dizem que criticar a condução coercitiva é cortina de fumaça e que só houve incômodo porque Lula foi atingido, eles adotam uma atitude arrogante. O ministro Marco Aurélio Mello, crítico do expediente no caso de Lula, está longe de ser um partidário do ex-presidente. Há outros ministros do STF que, reservadamente, também enxergaram abuso.
A Lava Jato não é imune a críticas. Há um incômodo em setores jurídicos com prisões preventivas tão longas para forçar delações premiadas. Um artigo feito pelo juiz Sérgio Moro expõe claramente que a Lava Jato é inspirada na Operação Mãos Limpas, que aconteceu na Itália. Seria preciso, diz Moro, uma espécie de aliança com a opinião pública para fazer o combate à corrupção avançar.
Isso nada mais é do que uma estratégia política. Vai além do jurídico. Juízes, procuradores e policiais que agem com viés político podem cometer abusos. Isso não é bom para a Lava Jato nem para o país.
O ex-presidente Lula tem de dar explicações. Não está acima da lei. Mas como todo cidadão não pode ter seus direitos desrespeitados.
Poucas vezes, Moro e os investigadores tiveram de divulgar notas para justificar suas atitudes. Eles fizeram isso no fim de semana a fim de explicar a adoção da condução coercitiva porque houve dúvida sobre a forma como atuaram em relação a Lula.