Marcílio Albuquerque
Folha-PE
Todas as páginas viradas no calendário. Chegou 2016. Apesar de um ciclo marcado pela crise, a esperança é por um ano melhor. Comuns neste período, projeções já despertam o interesse. Na saúde, o desafio está em enfrentar a microcefalia. Na segurança, a promessa é de mais policiais e a entrega de presídios. Já na educação, novas escolas técnicas trarão mais oportunidades.
Após um ano de complexidade extrema, 2016 já aporta exigindo continuidade do trabalho e união de forças. Apesar de velho conhecido, o mosquito Aedes aegypti se consolidou como o grande vilão. Repelentes desapareceram das prateleiras e os cidadãos despertaram para a importância de extermínio dos focos. No entanto, para especialistas, trata-se de uma guerra que apenas começa. Além da dengue, a introdução dos vírus da zika e chikungunya requerem mudanças urgentes. Nada terá tanto peso como a necessidade de adequar a rede de saúde, do acompanhamento das gestantes ao desenvolvimento de crianças com microcefalia.
“As crianças vão precisar de consultas regulares com terapeutas, fonoaudiólogos e todo um aparato para a obtenção de mais qualidade de vida. Grande parte dessas mães tem baixas condições socioeconômicas, a ponto de não conseguirem nem pagar uma passagem de ônibus. É um grupo que precisa de garantias, sendo necessário um planejamento de longo prazo”, avaliou a coordenadora científica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Heloísa Lacerda. Segundo a médica, as autoridades não poderão reduzir o ritmo de ações no ano que se inicia. “Com frequência tenho recebido pacientes que, apesar de apresentarem claros indícios, ainda desconhecem a zika”, alertou.
Para 2016, a espera é pela consolidação das ações anunciadas após o estouro dos casos. A AACD está discutindo formas de agilizar o atendimento dos bebês que serão encaminhados para a entidade. Pode surgir um novo polo de referência. Novas legislações para adentrar em residências e até o uso de insetos transgênicos despontam como alternativas. Além disso, sete unidades hospitalares no Interior devem ter reforços para esses atendimentos. E a policlínica Lessa de Andrade, na Madalena, passa a receber esse grupo na próxima semana. O secretário estadual de Saúde, Iran Costa, assegura que a ofensiva deve seguir. “Após um ano de poucos recursos, buscamos conseguir retomar o crescimento, voltando os serviços à normalidade. O inimigo ainda não está vencido”, disse. A SES pretende ampliar o time para o combate do mosquito, com a contratação de 23 profissionais ainda este mês.