Noronha sempre teve muita sorte de nunca registrar ataques de tubarão, diz especialista

Antônio Assis
0
Baía do Sueste está interditada para banhistas até o dia 5 de janeiro e será reaberta em horário reduzidoFoto: Alexandre Auler/ Acervo JC Imagem

NE 10

“Noronha é a mesma. As pessoas é que não estavam emocionalmente preparadas para presenciar uma cena selvagem, numa área naturalmente selvagem”. É assim que o engenheiro de pesca e curador do Museu do Tubarão, Leonardo Veras, avalia o ataque de tubarão a um turista paranaense, na Baía do Sueste, em Fernando de Noronha, Pernambuco. De acordo com o especialista, o arquipélago, na verdade, sempre teve muita sorte de não ser palco desse tipo de incidente com mais frequência.

Vítima teve parte do braço amputada no ataque do tubarão TigreFoto: Diego Nigro/JC Imagem

Do ponto de vista de Leonardo Veras, o equilíbrio do ecossistema em Noronha é o que torna o ambiente menos propenso a registro de ataques, mas que por se tratar de um ambiente selvagem, há perigos inerentes a essa condição. “Se fosse um cassino, Noronha seria aquele jogador que quebra a banca de tanta sorte”, pontuou o especialista.

O primeiro ataque de tubarão no arquipélago pernambucano aconteceu no final da tarde dessa segunda-feira (21), quando o turista paranaense Márcio de Castro Palma da Silva, 32, estava mergulhando na Baía do Sueste e, após ser mordido por um animal da espécie Tigre, teve parte do antebraço direito amputado.

O curador do Museu do Tubarão confirma que o incidente inédito pode ter reflexos negativos para o turismo de Fernando de Noronha. Mas para Leonardo, existem medidas que podem tornar o ambiente cada vez mais seguro, sem afetar o ecossistema local. “Não é preciso redes de contenção ou qualquer outro tipo de barreira. O que nós vamos fazer cada vez mais é orientar os turistas e buscar entender esse tipo de animal”, explicou. “Noronha é o que é por ser um ambiente natural. Quanto mais selvagem for a ilha, mais valiosa ela é.”

Entre as medidas citadas pelo engenheiro de pesca estão restringir locais e horários de mergulho, além de tornar a prática permitida apenas com a presença de um instrutor. Também deve ser orientado que os turistas não mergulhem no horário do crepúsculo (fim da tarde), quando a água se torna mais escura, dificultando a visão dos animais e banhistas. As instruções devem ser repassadas por funcionários do Parque Nacional Marinho, espaço onde a Baía do Sueste está localizada. O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)