Maria Clara Prates
Correio Brasiliense
As histórias do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do senador Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República deposto, guardam algumas interseções curiosas. A começar pela ligação com o empresário Paulo César Farias, que, em 1989, convidou o então economista carioca a atuar como tesoureiro do comitê eleitoral do presidenciável no Rio. Além disso, os dois, como chefes de poderes, foram acusados de corrupção. Para completar, o agravamento da crise política que os atingiu tem como importante elemento a descoberta de veículos em situação irregular. Collor foi deposto depois que descobriram que o Fiat Elba, usado por sua mulher, foi comprado com cheque de uma das contas fantasmas de Paulo César Farias. O objetivo era lavar o dinheiro de sobras de campanha na compra de bens e ainda na reforma da Casa da Dinda, que passou a ser residência oficial da Presidência no governo do alagoano.

No entanto, o operador do esquema pelo PMDB, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, garantiu à Justiça que Altair recebeu uma remessa, entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, em outubro de 2011, que fazia parte da propina de US$ 5 milhões que teria Cunha como destinatário, que foi transportada nesse carro. Em depoimento no acordo de delação premiada, Baiano afirmou: “Que Altair aparentava ser um assessor ou uma pessoa de confiança (de Cunha), até mesmo porque todos os valores entregues no escritório (do presidente da Câmara) foram para Altair”, disse Baiano no acordo de delação premiada.