Vai rolar a festa? Em tempo de contenção, empresas cogitam cortar as confras

Antônio Assis
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A empresária Cristiane de Moura (à esquerda) acredita que confraternização vale a pena. Crédito: Cláudio Reis/Esp. CB /D.A. Press

Correio Brasiliense

Neste fim de ano, empresários e gestores estão numa saia justa e precisam decidir se vão comemorar ou não o Natal e o ano-novo com os funcionários. Muitos questionam se vale a pena promover uma reunião para descontração entre os empregados em meio à contenção no orçamento e ao corte de despesas — consequências da recessão. Outros, porém, enxergam nas celebrações uma chance de antídoto contra a crise, já que poderiam dar ânimo aos colaboradores.

Proprietária da 2 Tempos, com fábrica e lojas de confecção em Brasília, Cristiane de Moura está no mercado há 25 anos e acredita nunca ter visto um ano tão ruim como este para o comércio. Mesmo assim, ela pretende festejar com os 52 funcionários e as respectivas famílias. “Eu acho que isso dá otimismo e traz um gás para o fim do ano. É o único momento em que junto as meninas da fábrica e as das lojas. É importante essa reunião porque o trabalho de uma depende do da outra”, explica.

Os irmãos Vinicius e Vanessa Eid também encaram as comemorações corporativas como uma forma de agradecimento à equipe, cuja importância se torna ainda maior em épocas de vacas magras. Proprietários das marcas Clube Melissa e Chilli Beans no DF, eles organizam, além das festas produzidas pelas franqueadoras, um encontro, geralmente um café da manhã. A reunião é motivacional, mas não tem nada de chata. As recompensas também não são convencionais: vão desde videogames até viagens. “Com a economia enfraquecida, deixar nossa galera desanimada seria uma receita para o fracasso”, esclarece Vanessa.

Ante as baixas perspectivas de aumento das vendas no fim do ano por conta da crise, Edson de Castro, dono de oito lojas e presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal, preferiu não organizar nenhum evento corporativo para encerrar o ciclo de 2015. Segundo ele, não houve resultados que pudessem ser comemorados. “Quando se faz uma celebração, você está com a equipe formada e não tem intenção de mandar ninguém embora. Do jeito que está, você pode comemorar em dezembro e demitir em janeiro. É incoerente.”

Independentemente da escolha sobre o tipo ou o tamanho do evento, cuidados devem ser tomados para que o salto não seja maior do que as pernas ou o branco vire luto. “Se a equipe tem o hábito de baixa comunicação entre si, é melhor não celebrar, porque o colaborador percebe que aquilo é só para inglês ver e que as coisas não vão mudar no dia a dia. Pode até agravar a situação”, diz a psicóloga especialista em recursos humanos e coach Alessandra Fonseca. Nesses casos, ela orienta que, se a reunião for mantida, deve ser realista.

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