Renata Coutinho
Folha-PE
O Ministério Público do Estado (MPPE) deu 30 dias para que a Secretaria Estadual de Saúde (SES) consolide a rede de retaguarda do Procape - que atende os pacientes fora do estado crítico. Na última terça-feira (10), a Folha denunciou, com exclusividade, a superlotação da emergência da unidade, que, na última segunda-feira, estava com 107 pacientes, quando comportaria apenas 33. Para dar conta de todo esse volume, apenas quatro médicos. No plantão de ontem, 110 doentes se amontoavam na emergência entre salas abarrotadas, corredores e cadeiras de plástico. Segundo o diretor do hospital, Sérgio Montenegro, a situação se dá porque, além da demanda espontânea, não consegue encaminhar pacientes para outros hospitais.
Na audiência da última terça (10) entre o MPPE e a SES, a promotora Helena Capela informou que os hospitais Evangélico, Santo Amaro, Nossa Senhora de Lourdes, Maria Lucinda, Unidade Hospitalar de Igarassu, Memorial de Jaboatão, Aristeu Chaves, Entidade Paulistense e Petronila Campos, que são contratados pelo Estado, estão se negando a receber os pacientes estabilizados pelo Procape. Além disso, essas unidades também estão em desacordo com o contrato com o Estado que acertou uma taxa de ocupação mínima de 85% dos leitos e tempo de permanência média de dez dias. “Nenhum dessas unidades possui essa ocupação. Tem hospital que está com muito menos e mesmo assim devolve os pacientes. Alegam que os doentes não se enquadram no perfil contratualizado pela SES. Eles têm que atender esses pacientes, depois que eles forem estabilizados, para desafogar a emergência do Procape”, afirmou a promotora. Para ela é preciso que o Governo atue de forma rígida para proibir as negativas e desembaralhe a regulação. Além do MPPE, o Sindicado dos Médicos (Simepe) e o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) estão acompanhando o caos no hospital. “É preciso repensar o modelo de assistência cardiológica no Estado e sua ampliação, já que o envelhecimento da população exigirá cada vez mais dessa especialidade”, alertou o cardiologista e conselheiro do Cremepe, Mário Fernando Lins.
A Secretaria Estadual de Saúde reconheceu a grande demanda por atendimento cardiológico em toda a rede estadual e informou que vem atuando junto à Central de Regulação e às unidades para aumentar a rotatividade dos leitos e diminuir a pressão sobre essas emergências. A SES se comprometeu a convocar os hospitais para rediscutir o fluxo dos pacientes e otimizar as transferências do Procape.