Fabiana Haluli, sócia da HR Haluli, sentiu mudança do público que procura a loja de materiais de artesanato
Foto: Fernando da Hora/ JC Imagem
Jc Online
Depois de viver intensamente a experiência do estímulo ao consumo, os brasileiros precisaram fechar as torneiras do orçamento este ano. Apenas no mês de julho, o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) sofreu uma redução de 27,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. Para muita gente, a saída foi botar a mão na massa e recorrer à onda do “faça você mesmo”.
A expressão é uma derivação da sigla em inglês DIY (Do It Yourself), de mesmo significado, e do termo francês, mais antigo, bricolage. Todas essas palavras se referem a atividades (principalmente manuais) que são realizadas de forma amadora e em benefício próprio. Ou seja, a pessoa deixa de comprar algo novo ou de pagar por um serviço e se arrisca a produzir o que precisa.
Quem está percebendo bem essa mudança de comportamento é a empresária Fabiana Haluli, sócia da loja de materiais de artesanato HR Haluli, localizada no Centro do Recife. “Nosso ritmo de vendas está normal. O que estamos percebendo é a mudança no perfil dos clientes. Está aparecendo muita gente que não trabalha com artesanato, mas que está procurando dar seu jeito próprio para diminuir custos”, revela.
Um bom exemplo é a estudante Agnes Duarte, 23 anos, que está com o casamento marcado para a próxima semana, mas o novo endereço ainda não estava como a cara que ela sonhou. “Ainda faltam os itens decorativos, então vim ao centro da cidade comprar material para fazer. Pesquisei e vi que a diferença entre os produtos já prontos vai pesar. Resolvi me arriscar”, comenta Agnes, que até o casamento nunca tinha se aventurado nos trabalhos manuais.
Mas o risco a que a estudante se refere, na verdade, conta com o apoio dos infinitos tutorias disponíveis na internet. “Os clientes veem as coisas nos blogs e vêm procurar. A internet é um canal muito importante, nos mostra em que devemos investir. É tanto que há uns três anos fomos deixando de oferecer diversos cursos por falta de procura. As pessoas começaram a aprender tudo na internet”, conta a sócia da Haluli.
Uma dessas influenciadoras é a publicitária Anna Terra Miranda, que assina o blog Ideias de Fim de Semana. “Tudo começou como uma terapia. Queria relaxar sem ser na frente do computador ou da televisão. Não faço só pela economia, faço também pelo prazer de fazer”, conta.
Com tanta informação disponível e orçamentos apertados, quem trabalha oferecendo produtos manuais está sentindo a fuga dos clientes. “Até uns seis meses as pessoas fechavam pacotes completos de decoração. De lá para cá começaram a contratar o serviço de assessoria (para orientar a como realizar a decoração) ou de apenas montagem da festa”, lamenta a empresária Viviane Moura, à frente do Ateliê Vivi Moura, que faz decoração para festas em geral.