Folha-PE
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) quer esclarecimentos sobre os problemas na UPA da Caxangá que motivaram o pedido de demissão em massa de 21 médicos clínicos gerais da unidade. A promotora Ivana Botelho marcou uma audiência com a Organização Social (OS) Maria Lucinda, gestora da unidade, para a próxima sexta-feira. O Sindicato dos Médicos do Estado (Simepe) também solicitou ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que façam fiscalizações urgentes na UPA da Caxangá. Os médicos prometeram entregar os cargos no início de outubro e reclamam de desabastecimento de insumos e medicações, além da sobrecarga de trabalho provocada pela redução do quadro de profissionais.
“A articulação desses médicos em pedir demissão é a consequência da falta de estrutura para o agir profissional. Quero saber da OS, que é quem tem o dever de dar essa estrutura, qual a razão disso”, afirmou a promotora. Ivana Botelho ainda quer confirmar com o Maria Lucinda se os repasses para a gestão da unidade já foram feitos pelo Estado e conhecer que plano de redução de profissionais já foi aplicado na UPA.

Ontem, o Simepe fez uma reunião com os profissionais da UPA. O presidente do sindicato, Mário Jorge, destacou que a categoria tomou uma decisão de grupo “porque os profissionais não vão se submeter a uma estrutura sem condições que massacra o médico”. “O principal problema é a redução de recursos humanos. O plantão, apesar dos problemas, funcionava. Só que estão querendo reduzir o quantitativo de profissionais, o que torna inviável a manutenção de um bom atendimento. Não se dá condições de trabalho e se mantém a pressão de atender a população em risco de vida. Esse é o cenário”, disparou.
Sobre as denúncias de falta de insumos e medicações, o Simepe já solicitou ao Cremepe uma fiscalização nos estoques. Com relação à sobrecarga dos funcionários diante da redução de profissionais, Lobo afirmou que irá provocar o MPT para uma avaliação. “É preciso que o MPT se pronuncie em relação ao quantitativo de profissionais. Que se verifique se o quadro está aquedado à demanda de pacientes. Porque o médico não pode ser explorado em sua capacidade de trabalho e tempo de trabalho”, justificou. O sindicalista alertou que o movimento trabalhista na Caxangá pode abarcar ainda pedidos de demissão na pediatria.