Afonso Bezerra
Diário de Pernambuco
Principal emergência psiquiátrica do estado, o Hospital Ulysses Pernambucano teve ontem pedido de interdição em plenária realizada pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe). Um relatório produzido pelo conselho apontava a precariedade do funcionamento da instituição. Em visita à unidade, os conselheiros identificaram problemas na estrutura física, o número insuficiente de profissionais para o atendimento adequado e até a falta de medicamento. O presidente do Conselho, Silvio Rodrigues, afirma que, caso a categoria decida pela interdição, a diretoria do hospital e a Secretaria de Saúde têm até 30 dias para solucionar os problemas. “É um prazo suficiente para que eles se adequem às exigências.”

A promotora Maria Ivana Botelho, da Defesa da Saúde da Capital, aponta que o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realiza inspeções sistemáticas na unidade hospitalar. A mais recente ocorreu em 2015, motivada por uma denúncia do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde). Até o momento, o órgão não tomou uma ação mais efetiva porque aguarda parecer técnico da Agência de Vigilância Sanitária de Pernambuco (Apevisa) sobre a situação do hospital. Na próxima terça-feira, a promotora, a direção e membros da Secretaria de Saúde do estado vão se reunir para que se estabeleça um prazo para as adequações necessárias. “Nossa postura é de sempre solicitar uma adequação, e não a interdição das unidades hospitalares, principalmente nesse caso, em que o Ulysses é a única do estado”, explicou a promotora.
Criado em 1883 e mantido pela Santa Casa de Misericórdia, o hospital passou para o domínio do estado apenas em 1924. Depois da reforma psiquiátrica iniciada em 2001, tornou-se a maior referência em psiquiatria no estado. “Depois da reforma, a unidade passou a receber apenas os casos mais graves, em que o quadro de agressividade dos pacientes era muito grave e as instituições complementares, que são os Caps, não tinham infraestrutura para acolher”, esclareceu o psiquiatra José Francisco.