Jéssica Nascimento
Do UOL, em Brasília
Filha de cabeleireira e de um comerciante, a baiana Georgia Gabriela da Silva Sampaio, 19, virou notícia em todo país quando foi aceita em nove faculdades dos Estados Unidos. Agora, a jovem luta para arrecadar US$ 6.176 que irão custear o visto, a passagem de ida para a Universidade Stanford e também a compra de livros, roupas de inverno e entradas de congressos. Para conseguir a quantia, Geórgia criou uma vaquinha online e conta com doações a partir de um dólar.
Há três anos, Geórgia desenvolve um novo método diagnóstico para endometriose. A pesquisa foi premiada pela universidade Harvard. "Por todo este tempo, procurei apoio em universidades e instituições públicas brasileiras e não encontrei nenhuma instituição que pudesse me dar suporte. Precisei dar continuidade ao meu projeto por conta própria e precisei sair do Brasil para que me ouvissem", conta.
O interesse pela doença, segundo a futura engenheira biomédica, veio do diagnóstico tardio da tia. "Comecei a pesquisar sobre endometriose durante o 2º ano do ensino médio. Estudei a parte teórica da pesquisa científica que darei continuidade em Stanford. Não pesquisei em um laboratório ou centro de pesquisa porque eu não tive acesso a nenhum aqui na minha cidade".

"A sensação de ser aprovada é múltipla. Desde a recompensa pelo trabalho árduo, até a sensação de dever cumprido, passando pela sensação de alívio por ter feito valer o investimento e a confiança que diversas pessoas depositaram em mim", diz a jovem.
Educação no Brasil
Questionada sobre a educação no Brasil, Geórgia conta que tinha uma professora de redação que era diretora de uma escola pública. "Ela sempre falava sobre como o projeto da escola pública era bem estruturado, mas que, por conta da falta de fiscalização, os diversos desvios de dinheiro e de materiais, e a falta de investimento no material humano (os professores), a qualidade caía muito".
Para a jovem, o país precisa se reestruturar em diversos âmbitos e investir mais nos professores. "A educação é pouco flexível. Estudamos as mesmas coisas, nos mesmos formatos, há décadas. Além disso, a educação superior é super engessada e os estudantes têm pouca liberdade de cursar matérias em departamentos diferentes ou mudar de curso, descobrir novas aptidões".
O apoio que a estudante recebeu no Brasil foi em grande parte de pessoas físicas. Desde o empréstimo de livros, até a contribuição direta com o estudo. "O apoio institucional veio através das bolsas de estudo. Minha escola também pagou as taxas da minha candidatura para os EUA e o financiamento de uma viagem para os EUA que fiz em abril, feito pelo banco SICOOB", explica.
Ajuda online
A baiana já arrecadou US$ 2.413 e precisa do restante até meados de agosto. A expectativa é que ela embarque para os Estados Unidos no dia 10 de setembro, pois precisa estar em Stanford no dia 12.
"Meu maior sonho é impactar a rede pública de saúde através da inovação. Ou seja, detectar problemas que atinjam o SUS e, consequentemente, a população mais carente e pensar em soluções e implementações para eles".
Para ajudar Geórgia, basta acessar o site por meio deste link. No portal, é possível verificar todos os gastos da estudante.