A Ritalina é conhecida como a droga da obediência. Fotos: Brenda Alcântara/Esp/DP/D.A.Press
Ana Paula Neiva
Diário de Pernambuco
Especialistas dizem que a ampliação do consumo está diretamente associada à expansão do diagnóstico de TDAH. O transtorno era considerado uma desordem emocional e o diagnóstico era dado a um número menor de crianças, segundo Denise Borges Barros, do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Hoje, diz ela, o transtorno é considerado um quadro psiquiátrico e envolve um número maior de sinais e sintomas. “O TDAH deixou de ser algo transitório, que terminava por volta dos 12 anos, passando a ser compreendido como um problema que persiste durante a adolescência e toda a vida adulta”, observa Denise Barros.
Com 30 anos de experiência em consultório, o psicólogo Carlos Brito teme pelo aumento do uso da droga. “É preciso ter cuidado com o diagnóstico de TDAH. Nem sempre a criança é portadora do distúrbio, mas acaba recebendo o tratamento de forma generalizada. O remédio virou a solução para criança agitada e hiperativa”, alerta.
Segundo Brito, adolescentes já chegaram em seu consultório pedindo para ser medicados. “A droga deve ser usada com cautela. Somente o neuropediatra ou psiquiatra podem prescrever”, esclarece o psicólogo. Brito acredita em outras alternativas para as crianças antes de apelar para a medicação de uso controlado. O psicólogo informa que o Brasil é o segundo país do mundo em consumo da droga, só perdendo para os Estados Unidos.