Infecção hospitalar: Alerta para salvar vidas

Antônio Assis
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De acordo com estudo, 37% dos médicos e enfermeiros intensivistas de hospitais públicos e privados no Brasil não lavam as mãos com a frequência ou da maneira que deveriam. Foto:Teresa Maia/DP/ D.A.Press

Patrícia Fonseca
Diário de Pernambuco

As mãos que curam também podem ser responsáveis por quase metade das mortes por infecções aquiridas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no país. Pesquisa divulgada pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) mostra que a falta de higienização adequada por parte dos próprios profissionais de saúde é a principal fonte da temida infecção hospitalar, hoje denominada "infecção associada aos cuidados de saúde" (às vezes falta deles), sempre que desenvolvidas após 48 horas de internamento. O estudo aponta que 37% dos médicos e enfermeiros intensivistas de hospitais públicos e privados em todo o Brasil não lavam as mãos com a frequência ou da maneira que deveriam e acabam levando bactérias, vírus e fungos resistentes a pessoas já debilitadas. Aliadas a isso, a demora no diagnóstico e a falta de recursos contribuem para uma séria estatística: de cada 10 pacientes infectados numa UTI, quatro vão a óbito. Um problema que não é exclusivo do Brasil. Estima-se que de 500 mil a um milhão de pessoas morram por ano no mundo, devido à resistência antimicrobiana.

Não há um recorte em Pernambuco mas, de acordo com o especialista em Medicina Intensiva Marcos Antonio Cavalcanti Gallindo, presidente da Sociedade de Terapia Intensiva de Pernambuco (Sotipe), entidade que representa a AMIB no estado, geralmente são dados muito parecidos. "As informações são obtidas pelo sistema de vigilância. Toda UTI do Brasil reporta o índice de infecção ao grupo de controle de infecção do próprio hospital, que o encaminha à Anvisa. Os hospitais que participam de um sistema de controle de qualidade têm como comparar dados e verificar se estão atingindo a meta", explica. 
De acordo com a Associação, 70% dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva no Brasil recebem tratamento para algum tipo de infecção. Um espaço onde o risco é de 5 a 10 vezes maior que em outros ambientes hospitalares, por concentrar os doentes mais graves e que, segundo a associação, pode chegar a representar 20% do total de casos registrados em um hospital. Gallindo acrescenta que as infecções aumentam o tempo de internamento, o custo e, claro, o risco de morte. Quando o paciente chega na UTI, a equipe tem como prever o risco de óbito e aplicar algumas ferramentas, mas se a pessoacontrair uma infecção no meio do caminho, esse índice aumenta. Quanto mais pontos de invasão, como sonda, cateteres , tubos, traqueostomia, maior o perigo.

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