Raquelle Wacemberg
Folha de Pernambuco
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Navios japoneses realizando pesca predatória industrial no entorno do arquipélago de Fernando de Noronha. A denúncia é do Instituto Augusto Carneiro, do Rio Grande do Sul, que atua em todo o País. Atum, que é muito consumido no Japão, e tubarão são os principais alvos. “Noronha está inserida em uma região onde a pesca predatória está acabando com tudo. Tubarões de todas as espécies estão sumindo e servindo para alimentar o tráfico de barbatanas”, revelou o biólogo e consultor em meio ambiente do instituto, José Truda, que há 37 anos trabalha contra a atividade ilegal.
Diante da denúncia, o Ibama adiantou que, a partir desta semana, será iniciado o monitoramento dos navios por meio do Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite (PREPS), financiado pelo Ministério da Pesca e Agricultura. Embarcações que fazem qualquer tipo de pesca, até dez metros, têm que ter o radar. Hoje há nove embarcações de pesca industrial no Estado. Já estrangeiras, o Ibama desconhece.
A multa para a pesca clandestina é de até R$ 100 mil, além de R$ 20 por pescado. Serão fiscalizadas embarcações oriundas de outros países que estiverem pescando no raio de até 200 milhas do litoral brasileiro. As estrangeiras também precisam de autorização e do radar. “O Ibama vai começar a monitorar essas embarcações nesta semana. No entanto, faltam recursos para atender à demanda”, explicou o engenheiro de pesca do Ibama, Cláudio Pessoa.
POUCOS FISCAIS - Atualmente, o Estado conta com 30 fiscais que, segundo Cláudio Pessoa, atendem ao Brasil todo. De acordo com o consultor em meio ambiente José Truda, dentro da reserva biológica, e em até dez quilômetros do entorno de Noronha, há a fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No entanto, é fora dessa área que a presença de barcos industriais é frequente. “Há uma artimanha para permitir o arrendamento de barcos atuneiros (barcos de pesca de atum) do Japão no litoral do País. Eles pescam no Brasil de maneira indiscriminada, além de atrapalhar as atividades de pescadores brasileiros”, revelou Truda.