Bancada evangélica de Pernambuco reage às imagens da Parada LGBT de São Paulo

Antônio Assis
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Sávio Gabriel
Thiago Neuenschwander
Diário de Pernambuco

Um dia após a realização da 19ª Parada do Orgulho LGBT, realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, um assunto provocou pronunciamentos acalorados das bancadas evangélicas tanto da Câmara do Recife, quanto da Assembleia Legislativa de Pernambuco. O motivo da revolta dos religiosos foi a divulgação de imagens de participantes do mesmo sexo se beijando, fantasiados de Jesus, no momento da crucificação. Na Assembleia, quem levou o tema ao plenário foi o presbítero Adalto Santos (PSB), um dos oito integrantes da bancada evangélica da Casa. De temperamento sóbrio, o deputado mostrou bastante irritação ao tratar do tema.

Com as imagens em mãos, o socialista disparou frases fortes ao que considerou um crime contra a religiosidade do povo brasileiro. “Vou encaminhar essa pouca vergonha (as fotos) para o papa. Isso é um caso de polícia e ela devia ter agido. (...) Se eu fosse muçulmano, eu pegaria uma espingarda e resolveria, mas eu sou cristão. Prefiro renunciar ao meu mandato a ver qualquer frente LGBT ser aprovada aqui nesta Casa”, vociferou o parlamentar. Outros deputados da bancada evangélica, como o pastor Cleiton Collins (PP), o professor Lupércio (SD) e o soldado Joel da Harpa (Pros) apartearam e defenderam o posicionamento.

Adalto fez menção ao deputado Edilson Silva (PSol), que tentou e não conseguiu criar uma frente de defesa da cidadania LGBT na Casa, e pediu que ele se pronunciasse sobre o caso. “Vossa excelência tem o direito de se indignar, assim como também fico indignado quando vejo um pastor evangélico quebrando a imagem de um orixá. Temos que tratar esse caso como exceção. Parece-me que houve uma ação extremada, mas não podemos utilizá-la para alavancar um preconceito contra toda a população LGBT”, salientou.

Na Câmara
Já na Câmara do Recife, o tema também foi motivo de debates acalorados. Apesar de ter sido chamado a atenção pelo próprio partido, sob o risco inclusive de ser punido, o vereador Luiz Eustáquio (PT) se posicionou novamente sobre o assunto. Em discurso, ele afirmou que foram protagonizadas cenas de abuso e desrespeito aos cristãos na parada gay de São Paulo. No entanto, ele destacou que não é a favor da perseguição, mas argumentou que a dignidade dos cidadãos religiosos não pode ser ferida. “Hoje não se pode falar nada porque caracteriza homofobia, mas eles se dão ao direito de desrespeitar pessoas religiosas. Isso é grave e sério”.

Os próprios correligionários de Eustáquio, a exemplo dos vereadores Henrique Leite e Osmar Ricardo, assim como o tucano Wanderson Florêncio, não foram favoráveis ao posicionamento do colega. Osmar chegou a afirmar que as bancadas evangélicas da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa perseguem os representantes do movimento LGBT para “ganhar voto”. “Vemos no âmbito religioso uma satanização daqueles que têm orientação sexual diferente do que a religião prega”, disse Florêncio.

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