Recife Antigo bom, bonito e barato

Antônio Assis
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O que fazer com R$ 50 pelo Recife Antigo? Siga o roteiro. Foto: Guilherme Carréra/DP/DCom um nota de R$ 50 no bolso, nosso dia começa. Para chegar ao Bairro do Recife, área central da capital pernambucana, o ônibus é o meio de transporte mais em conta. Saindo da Praça do Derby, as linhas 433 (Brasilit) e 414 (Torre/Prefeitura) levam até as imediações da Praça do Arsenal. Para saltar no Marco Zero, a melhor opção é a linha 521 (Alto Santa Isabel), partindo da pista local da Avenida Agamenon Magalhães, no sentido Olinda/Boa Viagem. As tarifas custam R$ 2,45. Considerando ida e volta, gastamos R$ 4,90. Nos domingos e feriados, no entanto, a bicicleta pode ser uma alternativa melhor. Com a ciclofaixa móvel, o acesso ao Recife Antigo ficou mais fácil. E ainda contribui à mobilidade urbana.

A Praça do Arsenal não só é nossa primeira parada, como reúne mais de um equipamento a ser visitado. Em um trecho da Rua Barão Rodrigues Mendes, o Museu a Céu Aberto chama a atenção. Trata-se de um painel expositivo sobre as pesquisas arqueológicas realizadas naquela localidade, responsáveis por identificar ruínas de uma antiga muralha erguida em alvenaria de pedra, bem como de um baluarte de mesmo material. Uma herança do século XVII, disponível a quem passa pelo bairro desde 2007. Além do informativo bilíngue, os achados arqueológicos estão protegidos por uma estrutura de vidro, visíveis aos passantes. É uma oportunidade de aproximar turista e população do debate em torno do patrimônio histórico. Oportunidade grátis.

Em frente à Praça do Arsenal, a Torre Malakoff merece duplamente a sua visita. No último pavimento da edificação de 1855, o antigo observatório astronômico funciona como mirante durante a semana. De terça a sexta-feira, fica aberto ao público das 10h às 12h e das 13h às 16h; aos sábados, das 15h às 17h; e aos domingos, das 16h às 19h30. Esse horário noturno vale para as noites em que a observação de astros e estrelas se faz possível. No térreo e no primeiro andar, duas exposições,gratuitas como o acesso ao mirante, seguem em cartaz até o início de maio. Visitamos Art design IV, uma reunião de pôsteres de shows e filmes, tendo como gancho a edição 2015 do Abril Pro Rock, e Trajetória sustentável, do artista André Soares, sobre a relação entre arte e lixo.
Pernambuco.com foi às ruas para descobrir o que se pode fazer pelo Bairro do Recife com apenas uma nota de R$ 50. Visitamos museu, compramos souvenir, andamos de barco e mais
Torre Malakoff tem duas exposições em cartaz e um mirante no último pavimento. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
Torre Malakoff tem duas exposições em cartaz e um mirante no último pavimento. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press

Do outro lado da praça, o Paço do Frevo é uma das recentes aquisições do Recife Antigo. Às terças-feiras, a entrada é gratuita. Nos outros dias, paga-se uma taxa de R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). O espaço serve à preservação e à divulgação do ritmo musical desde fevereiro de 2014. O térreo traz uma linha cronológica detalhada sobre o frevo: parte de 1907, quando o termo foi publicado pela primeira vez em um jornal local, passa pelo ano de 1910, com a criação do Maracatu Estrela Brilhante por escravos libertos, chega a 1968, destacando a Noite dos Tambores Silenciosos e por aí vai. Nos pisos superiores, há uma exposição temporária sobre o bairro de São José e uma exposição permanente com 365 imagens cobrindo toda a preparação das agremiações para o carnaval, além da exibição de estandartes diversos. Gastamos R$ 6. Aberto às terças, quartas e sextas-feiras, das 9h às 18h; às quintas, das 9h às 19h; e sábados e domingos, das 12h às 19h.

Ingresso ao Paço do Frevo custa R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
Ingresso ao Paço do Frevo custa R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press

Antes de deixar aquele entorno, fizemos uma parada na lanchonete As Galerias, um clássico do centro do Recife. Em funcionamento desde 1928, passou décadas na Praça do Marco Zero, depois se mudou para a Rua do Bom Jesus e há sete anos tem morada no número 183 da Rua da Guia. De portas abertas, de domingo a sexta-feira, das 8h às 22h e aos sábados, das 14h às 22h. A pedida é o maltado que leva sorvete de baunilha, malte, chocolate e leite. 300 ml refrescam e saem a R$ 6. Se tiver sorte, o cliente pode ser servido por seu Zé Marques, funcionário d'As Galerias há tempos. Dois dedos de prosa com ele e você sai sabendo um pouco mais sobre a história do Bairro do Recife. Gastamos R$ 6. E o papo veio de brinde. Na calçada defronte, um ponto de informações turísticas pode ajudar os interessados.

Na Avenida Alfredo Lisboa, o Cais do Sertão é recém-nascido como o Paço do Frevo. Inaugurado em abril do ano passado, o museu é uma homenagem não só ao artista que foi Luiz Gonzaga, como ao universo sertanejo. O espaço se divide em sete etapas: viver, trabalhar, criar, crer, migrar, cantar e ocupar. Multimídia, convida o visitante a interagir. Filmes e canções estimulam os olhos e os ouvidos. Entre tantos elementos, um painel composto por 60 matrizes do xilogravurista J. Borges e uma simulação do Rio São Francisco, com direito a peixe e tudo, se destacam. No mezanino, o público tem acesso a uma sala de música, em que pode experimentar instrumentos característicos do forró, e a estúdios de gravação, para entoar clássicos do Rei do Baião. Há, ainda, a exibição do curta-metragem Um dia no sertão, do diretor Marcelo Gomes, a cereja do bolo.Gastamos R$ 8, valor do ingresso para adultos. Mas às terças-feiras, o acesso é gratuito. Nesse mesmo dia, funciona das 9h às 21h. Quartas, quintas e sextas, até as 17h. Sábados, das 13h às 19h, e domingos, das 11h às 19h.

O clássico maltado d'As Galerias e a entrada do imperdível Cais do Sertão. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
O clássico maltado d'As Galerias e a entrada do imperdível Cais do Sertão. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press

Seguindo pela Alfredo Lisboa, em direção à Praça do Marco Zero, chegamos ao Centro do Artesanato de Pernambuco, filial da sede de Bezerros, no Agreste. Aberto de segunda a sábado, das 8h às 18h, e aos domingos, das 9h às 17h. O espaço é uma vitrine para o trabalho de artesãos de todo o estado: de Caruaru a Tracunhaém, de Poção a Pesqueira. A LOJA separa as peças pela matéria-prima das quais são feitas: madeira, fibra, couro, metal, cerâmica, pedra e fios. A variedade é tanta que se reflete nos preços. Há obras que podem chegar a R$ 25 mil, como o totem de madeira fabricado por Roberto Vital, natural de Igarassu. De souvenir, levamos um cavalo-marinho feito em barro. Gastamos R$ 5. Ao sair do Cape, aproveitamos o céu azul para visitar o Parque de Esculturas Francisco Brennand, na outra margem do rio. Para acessá-lo, pegamos carona com os barqueiros que fazem a travessia. Do lado de lá, vimos a Coluna de Cristal e seus 32 metros de perto, além da vista para o Recife Antigo. Gastamos R$ 2,50 para ir e R$ 2,50 para voltar. Prepare a câmera.

Travessia com os barqueiros do Marco Zero sai por R$ 5, ida e volta. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
Travessia com os barqueiros do Marco Zero sai por R$ 5, ida e volta. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press

Depois de mirante, museu, souvenir e barco, hora do lanche. Na Rua da Moeda, dá para sentir o cheirinho de pão saindo do forno desde a porta de entrada da Brotfabrik. De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, a padaria tem suas mesas em disputa no café da manhã e no horário do almoço. O cardápio traz pizzas, sanduíches e saladas. Pedimos o tradicional pão francês com queijo, presunto, alface e tomate, acompanhado de 380 ml de suco de laranja natural. Gastamos R$ 4,80 com o sanduíche e R$ 4,90 com a bebida. Na mesma via, vale uma visita à Arte Plural Galeria. Em maio próximo, o espaço cultural comemora dez anos de atuação no mercado. Uma exposição com Renato Valle e Christina Machado está em vias de nascer. Desembolsamos R$ 44,60 e guardamos o troco para uma próxima oportunidade.

Depois do souvenir, nossa parada para o lanche é na Brotfabrik. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
Depois do souvenir, nossa parada para o lanche é na Brotfabrik. Foto: Guilherme Carréra/DP/DA Press
A Press

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