Ao contrário do que suas lideranças deixam transparecer, a unidade da Frende Popular em torno da candidatura à reeleição do prefeito Geraldo Julio (PSB) está por um fio. Há um forte descontentamento por parte do PMDB e o relacionamento político entre o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o prefeito está tão esgarçado que pode levar o peemedebista a adotar uma posição de independência na eleição do Recife no próximo ano. O assunto já foi, inclusive, tratado com integrantes do PSB, que procuraram Jarbas para uma conversa.
Entre as restrições feitas ao prefeito estão a de que ele antecipou o debate eleitoral, trabalha como se não integrasse uma frente partidária e acha que tudo está resolvido. Enfim, aponta-se “uma míopia política.” Aos socialistas que o procuraram, Jarbas teria dito que esse é um problema do PSB, embora se saiba que ele tem um comprometimento com os projetos do PSB para o Recife, com o apoio a Geraldo, e para o estado, ao ter indicado Raul Henry para vice de Paulo Câmara. Aliás, o apoio do PMDB em 2012 foi fundamental para que Geraldo ganhasse a eleição logo no primeiro turno.
E, se o PMDB foi importante naquele ano, continua sendo para 2016. Nessa conta, socialistas defensores do prefeito lembram que Jarbas também ganhou com a aliança com o PSB, mas é preciso ressaltar que o peemedebista é uma referência nacional e dos 227.470 votos que obteve para deputado federal, 75 mil foram conquistados no Recife. O seu apoio, portanto, tem peso significativo em qualquer palanque. Todas essas análises são acompanhadas de referências a diálogos entre Eduardo e Jarbas, nos últimos cinco dias da campanha de 2012 quando o crescimento de Daniel Coelho, candidato do PSDB, ameaçou a vitória de Geraldo no primeiro turno, tendo sido necessário intensificar o ritmo da campanha.
O apoio de Jarbas a Geraldo e a Paulo aconteceu na esteira do projeto nacional de Eduardo e estava esboçado nas estrelas que os dois socialistas seriam um sucesso. Só que a morte de Eduardo mudou a cena e o que tinha tudo para dar certo se transformou numa interrogação, “ora pela humildade de Paulo ora pela arrogância de Geraldo ”. Essa situação pode ser contornada ou pode implodir a Frente, e vale lembrar que, a partir do viés paulista que o PSB vai exibir, após a esperada fusão com o PPS, Paulo e Geraldo perderão ainda mais o espaço político que Eduardo deixou como herança.