IPG
O Instituto de Políticas Governamentais do Brasil expressa sua insatisfação com o relatório sobre a Reforma Política, apresentado na última terça-feira, dia 19 de Maio, pela Comissão Especial da Reforma Política. Os principais pontos apresentados foram:
Fim da reeleição para presidente, governador e prefeito;
Mandato de cinco anos para todos os eleitos;
FINANCIAMENTO misto de campanha (recursos de pessoas físicas e de empresas) com limite para doações;
Voto Distritão para deputados e vereadores.

Conduz o sistema partidário ao bipartidarismo, o que, por sua vez, gera a sub-representação de minorias nas Casas Legislativas;
Favorece a eleição de representantes já conhecidos do grande público, capazes de atrair grande número de votos, em detrimento de candidatos novos ou representantes de minorias, por exemplo;
Fortalece os candidatos individualmente e, como decorrência, enfraquece os partidos; e
Não necessariamente reduz os custos de campanha.
Desta forma, tal modelo vai na contramão do processo de aprofundamento democrático, via inclusão política de minorias, que o Brasil tem experimentado nas últimas duas décadas. Ele consiste, portanto, em um retrocesso para a democracia brasileira ao fortalecer as elites políticas em detrimento de candidaturas populares e, assim, potencializar o paroquialismo e o clientelismo, práticas políticas históricas em nosso país, que devem ser combatidas, não fortalecidas. Práticas como o paroquialismo e o clientelismo dificultam a fiscalização e cobrança dos atores políticos pelos eleitores, dada a relação de cumplicidade entre representado e representante gerada pelo sistema majoritário. Por fim, no que se refere à redução dos custos de campanha eleitoral, o modelo proposto tende a incentivar campanhas mais caras, uma vez que candidatos do mesmo partido terão de disputar votos entre si para se eleger. Isso elevará os custos da campanha e acirrará a disputa porFINANCIAMENTO
de campanha.
O distritão não é usado por nenhuma democracia consolidada e há poucos casos concretos nos quais ele é aplicado atualmente, ele vigora apenas no Afeganistão, na Jordânia e em alguns pequenos países insulares. Isso reflete todos os malefícios que esse modelo pode potencialmente gerar para a democracia. O distritão beneficia a representação política somente dos políticos conhecidos e no poder e aniquila as minorias. Ele promove a ditadura da maioria e golpeia o voto de opinião. Ele reforça o paroquialismo e o clientelismo e arrefece o controle social. Ele mina a democracia!
Tendo isso em vista, o IPG BR se posiciona contra a aprovação da reforma política nos moldes do relatório aprovado na Comissão Especial de Reforma Política e conclama todos(as) os(as) deputados(as) federais a votar contra e a propor mudanças ao mesmo. O IPG BR integra a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, junto a outras centenas de organizações da sociedade civil, e defende a manutenção do sistema proporcional para eleições de vereadores e deputados, com a adoção da lista fechada.