LIXO NOSSO DE CADA DIA por Bruna Siqueira Campos

Antônio Assis
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Diário de Pernambuco

Não precisa consultar o site da Prefeitura do Recife para ver que a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) começou a recapear vias de grande fluxo na cidade, como as avenidas João de Barros e Conselheiro Aguiar. Os engarrafamentos triplicaram tanto na Zona Norte quanto na Zona Sul, embora as intervenções sejam necessárias para amenizar o caos na época das chuvas. Mas o que dizer do lixo que se acumula nas ruas e continua a entupir galerias que vão transbordar no próximo inverno? O Recife, por infortúnio, está longe de ser exemplo de educação neste quesito.
Faltam punições severas e aplicação de multas, o que o programa Lixo Zero, implantado no Rio de Janeiro há quase dois anos, mostrou não ser bicho de sete cabeças em uma cidade populosa. Na capital fluminense, agentes monitoram 97 bairros e, ao verificarem algum desrespeito à lei municipal, informam a infração cometida e solicitam ao cidadão seu CPF para emissão do auto de constatação. A multa é impressa na hora, com a ajuda de um smartphone e impressora portátil, e varia de R$ 106 a R$ 3,4 mil.
Quem não paga, fica com o nome sujo no Serasa. O corretivo vale para todos: desde quem joga bituca de cigarro no chão aos responsáveis por entulho no meio da rua. No primeiro ano do programa, foram mais de 57 mil multas emitidas. Já no Recife, o bolso não dói e a situação muda de figura. O Portal da Transparência mostra que a Emlurb dispõe de um orçamento pré-definido de R$ 440,8 milhões em 2015, segundo está descrito na Lei Orçamentária Anual (LOA). Mas os garis viraram profissional em extinção na cidade e até o bem-intencionado EcoRecife, programa de coleta seletiva, foi descontinuado em alguns bairros.
As empresas terceirizadas que fazem a coleta regular também sofrem atrasos nos repasses, o que respinga na população sob a forma de má qualidade dos serviços. Por fim, experimente ligar para o número de reclamações da Emlurb, o 156, para fazer sua queixa. Se surtir efeito, parabéns: já tentei algumas vezes, sem sucesso. Um choque de gestão nesta área daria uma boa briga na corrida às eleições municipais de 2016.
Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

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