Correio Brasiliense
Na era Google, não existe pergunta sem resposta. Quantas páginas havia na internet no mês passado? O próprio buscador dá o feedback em 0,68 segundo: 1 bilhão de sites ativos. Os nomes das 14 luas de Netuno e suas respectivas fotos estão a um clique de distância, assim como a filmografia completa de Alfred Hitchcock, os fatores de risco do câncer de mama e o número de tatuagens de Angelina Jolie (17). De dados importantes à cultura inútil, boa parte do conhecimento produzido no mundo está ali. Tanta informação deveria deixar a humanidade bem mais inteligente que no passado. Mas há controvérsias.
O debate não chega a ser novo. Desde meados da década de 1990, discute-se o impacto da web no cérebro. A novidade é que, se até 10 anos atrás, muito do que se dizia ficava no campo das opiniões pessoais, agora começam a ser publicados resultados de pesquisas robustas que investigam essas questões. Os estudos fornecem evidências científicas sobre a forma como a internet está remodelando as habilidades cognitivas. Apesar de os gurus da internet defenderem com garras e dentes que os jovens nunca foram tão espertos quanto agora, um corpo crescente de artigos evidencia que partes da cognição já foram afetadas de forma negativa — não pela tecnologia, mas pelo uso que se faz dela.

Diferentemente de muitos outros órgãos, o cérebro não é estático, mas plástico. Ele se remodela, criando conexões e ativando redes de neurônios alternativas, ao sabor das situações. No caso da pesquisa de Columbia, a equipe da psicóloga Betsy Sparrow constatou que, certas de que vão encontrar o que querem na internet, as pessoas simplesmente se esquecem de informações que, de outra maneira, armazenariam na mente. O estudo envolveu estudantes da Universidade de Harvard que tinham de responder a uma bateria de questões de conhecimento geral com nível de dificuldade alto. Quando achavam que poderiam acessar esses dados sem dificuldades e sempre que quisessem, os jovens tendiam a esquecê-los mais rapidamente.