Rotina de medo na rede bancária

Antônio Assis
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Diário de Pernambuco

Catorze investidas contra bancos em 100 dias. A Região Metropolitana do Recife já registra, em 2015, mais que a metade do número de ocorrências de todo o ano passado, quando houve 26. A mais recente aconteceu ontem, no Bradesco da Caxangá. Eram 10h30 de sexta-feira, horário especialmente temido pelos bancários.


Dos assaltos cometidos neste ano, 35% ocorreram no último dia útil da semana, quando há maior concentração de operações, e a hora de abertura da agência é considerada mais perigosa por causa do abastecimento de valores.



Cinco bandidos armados invadiram a agência, mas foram surpreendidos pela polícia. Houve troca de tiros. Um dos assaltantes foi baleado e levado ao Hospital Getulio Vargas. Dois foram presos e dois fugiram com quantia não confirmada. Segundo informações preliminares, teriam recolhido R$ 170 mil. Cerca de 25 clientes estavam na agência e, como era de se esperar, entraram em pânico. A rotina de tensão tem se provado pesada demais para alguns profissionais da área. No momento, cinco estão afastados por depressão e estresse pós-traumático.



Para os clientes e funcionários, resta tentar ficar calmos e sair do caminho dos bandidos. “O assalto é direcionado ao banco. É preciso se acalmar e se proteger de eventuais disparos”, aconselhou o diretor do Departamento de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio (Dpatri), Nelson Souto. “A única coisa que o ladrão quer é sair de lá rápido.”



A região mais atingida por esse tipo de crime foi a Zona Oeste do Recife, com quatro ocorrências. (veja a lista nesta página). Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, João Rufino do Egito Filho, os assaltos mostram que as agências da RMR não estão cumprindo os itens de segurança demandados por leis municipal e federal.



“Vidros blindados são essenciais, mas não a única pendência dos bancos pernambucanos. As portas giratórias nem sempre funcionam, como foi visto no caso de ontem e no Santander da Conselheiro Aguiar no fim de março. Um homem entrou no local com uma peixeira de 20 polegadas”, avaliou.



A fiscalização do cumprimento da lei deveria ser realizada pela Prefeitura do Recife, mas a última vez que uma agência foi interditada por falta de segurança foi em 2012, afirmou João Rufino.



Reunião
A Secretaria-Executiva de Controle Urbano do Recife (Secon) informa que vai convocar representantes do Sindicato dos Bancários e a Federação Brasileira dos Bancos para discutir a fiscalização. A Polícia Civil não se pronunciou sobre a ocorrência de ontem.

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