Lixo e matagal nos canais de Olinda

Antônio Assis
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Requalificação do Canal daMalária, entre o largo do Varadouro e a Pan Nordestina, se arrasta há quase dez anos

Marcílio Albuquerque
Folha-PE

Distante dos R$ 69 milhões anunciados para obras de contenção e drenagem de encostas em Olinda, apenas R$ 1,5 milhão está previsto para a limpeza dos 34 canais que coram a cidade. As estruturas seguem transformadas em extensos depósitos de lixo, provocando alagamentos nas vias chegando a invadir as residências. Como cenário de sujeira, o risco de contrair doenças ainda persegue a população, sobretudo nas periferias.

O secretário de Serviços Públicos, Manoel Sátiro, reconhece o baixo orçamento, mas assegura um cronograma de limpeza, incluindo galerias e caixas coletoras, devendo se estender até setembro deste no. “O trabalho já vem sendo executado, com uma escala de 20 agentes de limpeza. Por se ratar de perímetros urbanos, sentimos dificuldades quanto o constante descarte de resíduos. É uma retirada que praticamente não tem fim”, explicou o gestor.

Clemilson Campos/Folha de Pernambuco
Maria, 60, disse que vários parentes já ficaram doentes

Segundo ele, das 350 toneladas de lixo recolhidas todos s dias, em torno de 40% são entulhos jogados nas vias públicas, incluindo os canais. A conta é alta. Cerca de R$ 3,5milhões por mês. “Quando terminamos de limpar, boa parte já está suja novamente. Cabe muito mais à conscientização para dar fim ao problema”, acrescentou Sátiro.

No bairro dos Bultrins, a história já é antiga. Ao primeiro sinal de chuva, o canal transborda. Um problema não apenas para moradores, mas também para pedestres e motoristas que precisam circular pela área. A estrutura, que margeia a avenida Chico Science, está tomada por lama, garrafas plásticas e toda a sorte de imundície. Uma espécie de tapete de vegetação ocupa as áreas internas e externas, denunciando uma possível lacuna na limpeza. “Já tivemos que caminhar com a água na cintura, colocando as crianças nos ombros”, revelou a dona de casa, Eliomar Souza, de 48 anos.

No canal da Malária, entre o largo do Varadouro e a Pan Nordestina, um projeto de requalificação se arrasta há quase dez anos. Em uma das margens, a pista de cooper e o estacionamento perdem espaço para o mato que se alastra, enquanto no outro lado nada foi feito. Os humildes casebres acabam sendo os mais atingidos. “Fica tudo empoçado, atraindo o mosquito da dengue. Duas pessoas da minha família já ficaram doentes”, diz a aposentada Maria Lucy, de 60 anos. Uma passarela improvisada de madeira é utilizada como único acesso.

No bairro de Rio Doce, no canal que acompanha o percurso da avenida México traz, além do forte mau-cheiro, o sinal evidente dos problemas. Grande parte dos imóveis instalaram barreiras na entrada, na tentativa de impedir a invasão das águas. A mesma situação precária também é encontrada no canal em Jardim Fragoso, agravada por entulhos de construção abandonados a beira do caminho e uma série de canaletas obstruídas no entorno.

OPERAÇÃO - Segundo a Prefeitura de Olinda, os recursos utilizados para a “Operação Inverno”, apresentada ontem, são oriundos de parceria junto ao Governo Federal. A iniciativa deve beneficiar 54 localidades, incluindo a capinação, poda de árvores e colocação de lonas plásticas. Questionado quanto à situação dos canais, o executivo informou que o projeto de instalação de câmeras de monitoramento em seis barros, orçado em cerca de R$ 1 milhão, deve se tornar um aliado a partir do mês de julho. A promessa é de que quem for flagrado jogando lixo pode ser penalizado com multas que variam entre R$ 100 e R$ 5 mil.

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