Quem são e o que pensam os deputados da bancada evangélica de Pernambuco

Antônio Assis
0
Representantes da bancada evangélica ao lado dos deputados Tony Gel e Guilherme Uchôa na sessão que vetou a criação da Frente LGBT na Alepe. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Tércio amaral
Diário de Pernambuco


O maior sorriso do mundo. Para quem frequenta os corredores da Assembleia Legislativa de Pernambuco, não caberia outra definição para o semblante do deputado estadual e pastor da Assembleia de Deus Cleiton Collins (PP) na terça-feira passada. O parlamentar não escondia a satisfação antes de entrar no plenário na Casa no dia em que os deputados rejeitaram a criação da Frente GLBT, de autoria do deputado Edilson Silva (Psol). A expressão sapeca do político e religioso, que foi um dos primeiros a chegar, escondia uma articulação nos bastidores para barrar a proposta. Na ocasião, a Frente só conquistou 23 dos 25 votos favoráveis para sua aprovação. No saldo, ainda dez votos contrários e 15 ausências, essas últimas consideradas essenciais na derrota.

    
Sob sua articulação, ainda, está a recém-criada bancada evangélica, que conta sete deputados tanto da base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB) como da oposição. O que une grupo é um mesmo chavão: “em defesa da família”. Talvez, apenas isso – mas não deixa de revelar o poder e ascensão do grupo. Na legislatura anterior, os deputados da bancada eram apenas três. Detalhe: na eleição de 2014, dos 49 deputados estaduais eleitos, dos cinco mais votados, três foram evangélicos. Cleiton Collins conquistou a liderança geral, com 216.874 votos.



Apesar de inclinar para o mesmo pensamento em pautas tachadas como conservadoras, como a crítica ao aborto, ao casamento homossexual e até mesmo em temas que envolvam educação infantil e religiosa, abancada evangélica é tão distinta como qualquer outra. Dentre os sete da Alepe, uns têm um perfil mais liberal, outros são intolerantes (não assumidos). Isso no quesito debate.



A forma como entraram na política também diverge. Alguns são escolhidos como candidatos oficiais de determinadas igrejas, como o Bispo Ossésio Silva (PRB), da Igreja Universal do reino de Deus, e o presbítero Adalto Santos (PSB), da Assembleia de Deus. Alguns candidatos, dizem os deputados, são apresentados à comunidade religiosa e possuem o direito de fazer campanha dentro das igrejas, inclusive antes ou depois dos cultos. Aliás, no caso de Adalto, o deputado deixa bem claro que é um representante de sua igreja dentro do Legislativo. O problema – dizem os parlamentares que não são candidatos oficiais – é que existe perseguição de quem não deseja votar nos escolhidos. Por exemplo: caso um pastor de uma determinada igreja ou mesmo um presbítero (um cargo abaixo) não vote no candidato que a igreja escolheu, ele pode ser afastado ou perseguido dentro da instituição.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)