Esmagada politicamente por oito anos, oposição estadual renasce na Assembleia

Antônio Assis
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Ayrton Maciel
JC Online

Deputado Edilson Silva entende que discurso do PSOL fortaleceu oposição
João Bita/Alepe
Passados oito anos de progressiva hibernação política na Assembleia Legislativa de Pernambuco – nos últimos quatro anos gradualmente absorvida, a ponto de desaparecer, limitada que ficou ao atual deputado federal Daniel Coelho (PSDB) como única voz destoante, na posição de “independente” –, a oposição estadual vive seu renascimento. Com 13 dos 49 deputados, sai do inverno político e celebra o resgate de seu papel constitucional, após a quase unanimidade que a força – também política – do governador Eduardo Campos (PSB) e suas gestões construiu no Estado.
Em 60 dias provocou debates acirrados na Casa e imprensou o governo Paulo Câmara (PSB) como herdeiro de projetos polêmicos: as PPPs da Arena da Copa e de Itaquitinga, os índices de morte no Pacto pela Vida, rebeliões dos presídios e obras inacabadas de mobilidade. Oposicionistas admitem que a ruptura de 2013 entre PSB e PT, ao qual se aliou o PTB como “nova oposição”, e muito o vácuo aberto pela morte de Eduardo Campos – deixando “sem líder” a Frente Popular – contribuíram para seu fortalecimento. Apontam, porém, que a chegada de quadros experientes à bancada e o “esgotamento” do modelo de gestão estadual têm maior influência.
Ex-vice-líder de Eduardo e atual líder da oposição, Sílvio Costa Filho (PTB) afirma que a grande aliança governista está carente de um líder, porque suas atuais lideranças estão em formação, casos de Paulo Câmara e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). “Não há um projeto político para os dois (como havia para Eduardo). Vivem do legado deixado. Eles cumprem seu papel e podem até ser candidatos à reeleição. Já a oposição cresceu (em número) e consegue ter uma ação harmônica em várias frentes”, avalia Sílvio.
Noviço em mandato parlamentar, Edilson Silva acrescenta que a chegada do PSOL “ajudou” a fortalecer a oposição, elevando o tom na Casa, assim como o retorno de Romário Dias (PTB), presidente da Casa em três mandatos e ex-líder de governo e de oposição. O petebista agregou, ainda, a experiência técnica de ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TCE), que tem auxiliado a identificar as “falhas” do governo. “O fator maior (do crescimento da bancada) é a falência do modelo de gestão. Eduardo inaugurou muito início de obra e a sua morte desorientou o governo. A dificuldade hoje é escolher em que área criticar”, diz.
Para rebater o ufanismo oposicionista, o líder do governo, Waldemar Borges (PSB), lembra que a oposição que hoje bate estava até após a ruptura de 2013 na base de apoio e no governo, exceto o PSOL, e que só se destaca por uma única estratégia: “a repetição do discurso”. Borges revida as críticas atribuindo aos adversários apenas “um projeto eleitoral de poder” para 2016, mas, principalmente, para 2018. “Com Eduardo vivo, ficavam temerosos de bater. Estão mais à vontade hoje. Há uma oposição em torno do projeto de Armando Monteiro (ministro do Desenvolvimento Econômico, derrotado por Paulo Câmara) de voltar a disputar o poder em outro momento”, acusa Borges.

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