Fortaleza secular também tem pichação nas paredes e lixo pelo chão
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
JC Online
O Forte de Pau Amarelo, construção do século 18 na orla de Paulista e tombada como monumento nacional desde 1938, teve os seis canhões de ferro cobertos com tinta na cor ouro velho. De acordo com moradores, a pintura apareceu pouco antes do Carnaval, em fevereiro de 2015. Mas o secretário de Turismo da cidade, Rafael Siqueira, afirma que a prefeitura não fez intervenções recentes no local.

Além da nova cor, duas das peças de artilharia estão pichadas. O mesmo acontece com paredes brancas da parte superior da edificação, onde ficam os canhões e que funciona como um ponto para contemplação do mar. Em uma das paredes o autor dos rabiscos deixou um recado irônico, com letras gigantes: “de novo eu, se pinta, eu volto! kkk”.
Um fã do grupo O Rappa escreveu em outro trecho da parede uma frase da música Anjos (Pra quem tem fé, a vida nunca tem fim), ao lado de desenhos do rosto de Marcelo Falcão, vocalista e compositor da banda. O Rappa se apresentou na área do forte na programação do Carnaval de Paulista.
Sem vigias (nenhum foi avistado na manhã de quinta-feira, 26) e com as salas do andar térreo fechadas, a fortaleza é pouco atrativa a moradores e turistas. Pela primeira vez em Paulista, a técnica de enfermagem carioca Lúcia Regina Melo visitou o forte ontem e saiu decepcionada. “Não me senti segura, passei menos de cinco minutos e saí”, diz. Ela estava acompanhada de parentes que moram na cidade.
O Forte de Pau Amarelo, em Paulista, é uma construção do século 18, tombada como monumento nacional
“Encontramos preservativos usados e cacos de vidro no chão. Não esperávamos isso numa área histórica. Poderia ter uma pessoa para receber os visitantes”, ressaltam Lúcia e a nora Érika Alvarenga Dias. No acesso ao terraço, (a área dos canhões) elas ainda passaram por uma cueca marrom largada na rampa.
A professora Izabel Araújo, moradora do Janga, caminhava no entorno do forte e disse que só entrou na edificação uma vez, há muitos anos. “Deveria ser um espaço de visitação, mas faltam atrativos”, comenta Izabel.
O secretário Rafael Siqueira espera mudar o cenário com a execução do projeto de recuperação da fortaleza, anunciado desde outubro de 2013 e nunca executado. A proposta, diz ele, prevê instalação de museu nas salas térreas, totem interativo e centro de atendimento ao turista.
Essa não é a primeira vez que o Forte de Pau Amarelo é pintado de forma equivocada. Tempos atrás, as molduras de cantaria (pedra) em volta das janelas e portas ganharam coloração alaranjada.
O superintendente do Iphan, Frederico Almeida, não foi localizado para comentar o assunto.