Relator da CPI, Luiz Sérgio (à direita) foi o que mais
recebeu doações das empresas investigadas. Presidente, Hugo Motta foi o
terceiro
Congresso em Foco
Dos 27 deputados federais titulares da comissão
parlamentar de inquérito (CPI) que vai investigar irregularidades na
Petrobras, 15 receberam doações de empresas envolvidas no esquema
de desvios de recursos descobertos pela Operação Lava Jato. Ou seja, 55% dos
integrantes da comissão tiveram suas campanhas financiadas por empresas que
agora terão de investigar. A CPI foi instalada nesta quinta-feira (26).
Ao todo, os 15 deputados que receberam doações de empreiteiras como a OAS, a
Odebrecht, a Galvão Engenharia e a UTC Engenharia levantaram R$ 3.289.297,78
junto a essas companhias. Entre os beneficiados, o parlamentar que recebeu o
maior volume de doações foi justamente o relator da CPI, o deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ). Dos R$ 2,4 milhões que ele declarou ter arrecadado ano passado, R$ 962
mil vieram de empresas investigadas pela Lava Jato.

O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), foi o que recebeu o
terceiro maior volume de doações dessas empresas entre os titulares da comissão:
R$ 454 mil. “O fato de ter recebido recursos, como permite a legislação, das
empresas não me coloca na condição de advogado delas”, afirmou o relator da
CPI.
Mas os governistas não foram os únicos beneficiados com doações legais das
empreiteiras. Representantes da oposição também figuram entre os contemplados
pelas empresas sob investigação. É o caso de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Júlio
Delgado (PSB-MG), Paulinho da Força (SD-SP) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Dentre os 15 membros da CPI que foram beneficiados com doações, dois são do
PT, dois do PMDB e dois, do PSDB. Existem também beneficiados do PTB, PP, PRB,
DEM, PR, PSD e PDT. O levantamento do Congresso em Foco foi
feito com base nas prestações de contas registradas pelos integrantes da CPI na
Justiça eleitoral.
Durante a reunião de instalação da CPI da Petrobras, o deputado Ivan Valente
(Psol-SP) chegou a ingressar com um requerimento pedindo que deputados que
receberam recursos de empresas investigadas fossem impedidos de participar da
comissão. No entanto, o pedido dele foi indeferido sob justificativa de que a
medida provavelmente inviabilizaria os trabalhos da comissão.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), sustentou que a questão de ordem do
Psol era “uma tentativa de tumultuar o começo dos trabalhos”. “Todos aqui
tiveram suas campanhas financiadas. Os parlamentares foram diplomados porque
tiveram suas contas de campanha aprovadas. Não podemos transformar um ato legal
em ilegal”, afirmou.