Sistema precisa de reajuste de 23%, diz Urbana-PE sobre tarifas de ônibus

Antônio Assis
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Tiago André Santos
Folha-PE

Os mais de dois milhões de usuários do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) devem se preparar para o aumento das passagens de ônibus ainda neste início de ano. A notícia foi dada, na última sexta-feira (2), pelo recém-empossado secretário das Cidades de Pernambuco, André de Paula. O novo gestor reconheceu que o tema não é simpático, mas representa uma pauta que precisa ser tratada com urgência. “Essa conversa ainda não ocorreu, mas vai ocorrer muito rapidamente. É uma pauta nacional. Os dados que me chegaram até aqui dão conta de que estamos sem reajuste há três anos”, destacou.
Se o aumento for vinculado à variação do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE), método adotado desde 2008 pelo Governo do Estado, o valor da passagem deve crescer aproximadamente 6,38%, considerando o acumulado de 2014. A tarifa “A” passaria de R$ 2,15 para R$ 2,28. “Mas se o Governo optar pelo valor previsto do IPCA de 2015, o aumento pode ser ainda maior, isso porque nesse início de ano serão colocados na conta o aumento dos combustíveis e da energia elétrica”, destacou a economista e professora da Faculdade Boa Viagem, Amanda Aires.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira, recebeu a informação com alívio. De acordo com o empresário, a defasagem mensal é de 20%. Pelos cálculos da Urbana-PE, a tarifa precisa ter um reajuste de aproximadamente 23%, levando em conta o período de congelamento de preço, passando o valor para R$2,65 o anel “A”. “Nenhum sistema sobrevive sem reajuste por três anos. Desde outubro, enviei uma carta ao então governador João Lyra, solicitando o realinhamento das passagens”.
A assessoria de Imprensa do Grande Recife Consórcio de Transporte esclareceu que o valor estipulado para a tarifa de ônibus está diretamente relacionado ao aumento dos insumos utilizados no serviço de transporte e que os principais fatores que determinam o custo da passagem são: mão de obra (salário dos funcionários), óleo diesel, preço dos veículos e pneus.
A notícia da elevação dos preços não foi uma surpresa para a Federação dos Usuários de Ônibus de Pernambuco. “Alguns empresários já mandaram pessoas para conversar conosco falando dessa necessidade do aumento. Eles alegam que estão sem reajuste há três anos e que estão com muitos prejuízos. Não somos contra o aumento, só queremos que a conta seja bem explicada e que ele sirva para prestar um serviço de qualidade, o que hoje ainda é ruim”, disse a presidente da federação, Renilda Acioli.
A representante adiantou que os associados já estão elaborando a documentação para entrar no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), assim que a elevação dos preços for confirmada. “Vamos pressionar o Ministério Público para que ele cobre dos empresários todas as informações”, ressaltou.
Segundo o secretário André de Paula, o sistema de transporte da RMR tem se qualificado, a exemplo da inclusão do BRT, o que traz custos para o processo. “Então, não há muito como fugir. Ou o governo subsidia ou eleva a tarifa. A solução intermediária é a que é possível. O subsidio já existe, então, essa discussão será iniciada agora. Não podemos conseguir e cobrar a melhora do sistema se não asseguramos o mínimo de recursos para o sistema”, justificou.

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