O estudo do pesquisador Flávio Ferreira mostra que o combustível obtido tem características semelhantes às do produto vendido no mercado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Rebeca Silva
Diario de Pernambuco
Transformar borracha em gasolina é algo surreal no imaginário popular. Mas no ambiente científico a equação é simples e com efeitos multiplicadores. Uma pesquisa do doutor em tecnologias energéticas nucleares pela UFPE, Flávio Ferreira, mostrou que é possível converter uma tonelada de pneus velhos (cerca de 75 unidades) em 300 litros de combustível, quantidade suficiente para rodar cerca de 3,6 mil quilômetros em um carro popular.
Mais que a transformação, o estudo aponta uma alternativa para a destinação adequada de pneus usados, muitas vezes jogados em locais como lixões e rios ou simplesmente queimados em terrenos, provocando a poluição do ar e do solo. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas 6,74% da reciclagem de pneus no país é feita no Nordeste.
Segundo Ferreira, a pesquisa consiste em derreter os pneus num equipamento de aço inoxidável, utilizando-se como energia os próprios gases produzidos pela decomposição do material, e sem a presença de oxigênio para que não haja uma explosão e geração de monóxido de carbono, que é poluente. O resultado é a produção de um óleo escuro, de uma mistura gasosa, aço e negro fumo (resíduo em pó usado como pigmento de tintas e matéria-prima de teclados e painéis de carro).
O líquido recolhido é destilado e transformado em gasolina. “As características são semelhantes às do combustível que é vendido no mercado. O índice de octanagem, que indica a qualidade dela, chega a 79,6 kg/cm3. A do comércio é 80 kg/cm3, mas tem adição de ácool e a nossa não”, disse Ferreira.
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