Vinícius de Brito
Diario de Pernambuco
Brandon Stanton já era historiador norte-americano quando foi demitido de um emprego no final de 2010, em plena crise econômica nos Estados Unidos. Ao invés de arregaçar as mangas, ele as pôs para fora e descobriu outra profissão quando se mudou para Nova York, onde começou a acumular um acervo com cerca de 1.400 fotos e míni-perfis de pessoas comuns daquela megacidade: era o estopim da página Humans of New York, que contabiliza hoje mais de 11,7 milhões de curtidas no Facebook – número equivalente ao de habitantes da maior cidade do país, São Paulo. Stanton conseguiu espalhar seus retratos e histórias pelo mundo, ao mesmo tempo em que construiu uma marca ("humans of"), que inspira a recente Humanos de Recife na rede social.
"A paixão por ouvir histórias e pela própria diversidade cultural que nossa cidade possui fez surgir a ideia do projeto Humanos de Recife. É como olhar a cidade por um novo ângulo", diz uma das diretoras do projeto e estudante de Letras Carina Pereira, "as vertentes são as mesmas de páginas com ideia similar que já existem nas principais cidades do mundo afora, como por exemplo a Humans of New York". O coletivo é formado por três pessoas (Carina, o fotógrafo Caio Queiroz e a técnica em Rádio e TV Carolina Magalhães; com idades entre 19 e 20 anos). A página foi criada neste ano e, com menos de 15 dias, tem mais de 3,9 mil "curtidores" no site de Mark Zuckerberg.
"O Recife é uma cidade enorme e não seria o que é sem as pessoas que a compõem. Uma vez eu vi uma mulher chorando no ônibus sozinha e eu pensei: 'o que será que tem acontecido na vida dessa mulher? Será que ela precisa de alguém pra conversar?' Cada pessoa naquele ônibus poderia contar alguma coisa": Carina Pereira toca um sonho com as imagens agrupadas no "Humanos", "que as pessoas se apaixonem não só pela cidade em que vivem, mas, principalmente, pelas pessoas". O grupo publicou mais de 25 histórias de moradores e visitantes da capital e mapeou virtualmente bairros daqui, em uma galeria que vai do Centro à Casa Amarela (Zona Norte).
A escolha dos personagens é muito subjetiva, segundo a componente do projeto, mas tem como pretensão representar os cantos do Recife a partir da singularidade dos recifenses: "Ao vermos de longe um rosto que parece ser único ou que representaria bem o local e que nós provavelmente não encontraríamos em nenhum outro lugar, pedimos para pousar para uma foto", Carina diz que os fotografados podem ser "comerciários, frequentadores dos principais barezinhos do Centro ou simplesmente alguém que está esperando o ônibus".