Émerson Antunes cuida do cultivo de camarão de moradores da ilha desde criança. Adulto, passou a manter também o viveiro da família. Fotos: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press
Marcionila Teixeira
Diario de Pernambuco
Na Ilha de Deus, comunidade da Imbiribeira banhada pelos rios Jordão, Pina e braço sul do Capibaribe, a vida se alimenta das águas. Não fosse o mar carregado de seu sal curativo para visitar os rios poluídos na maré cheia, as espécies talvez já não respirassem. O encontro do mar com o rio promove fartura em forma de sururu, marisco e camarão. Traz sustento às famílias da ilha.
O sol ainda não tem raiado quando Émerson Antunes Silva, 35 anos, levanta para buscar o sustento da família, formada pela mulher e o filho de oito anos. Caminha apressado nas ruas recém-asfaltadas graças a uma ação estadual iniciada em 2007 e ainda inconclusa. Seu destino são os barracos montados próximos aos viveiros de camarão. É preciso estar vigilante nesta espécie de escritório montado na beira das águas. Em dia de maré alta, as águas levam o crustáceo e as garças aproveitam para se alimentar.
Qualquer distração também torna o cultivo vulnerável aos ladrões e pessoas interessadas em devastar o resto do mangue para implantar mais viveiros. “Ninguém pode destruir mais mangue por aqui há dez anos. Até replantei um trecho”, conta Émerson. Os roubos, diz ele, são praticados por dependentes de drogas. Por isso o plantão nos barracos não tem hora certa. No dia da entrevista, já eram 11h e Émerson não havia pregado os olhos ao longo da madrugada. Somente na ilha, são 100 viveiros. Da comunidade, o alimento parte para as mesas dos bairros vizinhos, bancas de feira e restaurantes.