Paciente do Imip descobre, na sala de cirurgia, que não existe órgão para transplante

Antônio Assis
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Diario de Pernambuco


A família de Iara Maria Pena Fraga, 61, recebeu um presente de mau gosto na manhã de Natal (25). Quando a paciente estava dentro do bloco cirúrgico do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), pronta para passar por um transplante de rim, descobriu que o órgão não estava lá. De acordo com a Central de Transplantes, o órgão nunca existiu.


Na tarde do dia 24, Iara recebeu a notícia de que havia dois rins disponíveis para transplante. Fez a hemodiálise para o processo cirúrgico. Foi internada às 23h, juntamente com outra receptora, e passou por uma bateria de exames. Às 10h da quinta, fez os últimos exames e partiu para o bloco cirúrgico. "Fomos à capela rezar por ela quando recebemos uma ligação do médico explicando que a cirurgia não aconteceria. Ela saiu tremendo do local, depois de ter criado tanta expectativa", explicou a filha Cecília Fraga, 28.



No Imip, os parentes receberam explicações difusas. "Um médico falou que um rim teria ido para o Ceará, onde havia alguém mais compatível esperando. Outro disse que o que o rim teria voltado para a Central de Transplantes. Houve algum desentendimento e nós saímos prejudicados sem saber o que aconteceu", afirmou Cecília. "Ao mesmo tempo, vi que as pessoas ficaram tão surpresas quanto nós, não posso julgar o que aconteceu."



A coordenadora da Central de Transplantes, Noemy Gomes, garantiu que não houve ilegalidade no processo e confirmou a teoria de Cecília. Segundo ela, o órgão que viria nunca existiu, pois apenas um havia sido recuperado do doador. “A equipe de transplantes achou que havia dois rins. Nós entendemos a frustração da família e nos colocamos totalmente à disposição deles."



Noemy lembrou ainda que a fila de espera para transplantes de rim não são iguais às outras. No caso desse órgão, o grau de compatibilidade do doador é mais importante que o tempo de espera, por uma particularidade do tipo de cirurgia. “É diferente do fígado, em que a gravidade da doença do receptor define quem irá recebe-lo”, afirmou.

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