POSIÇÃO DE AMARAL PODERÁ CAUSAR RACHA NO PSB

Antônio Assis
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Pernambuco 247 - As eleições internas do PSB marcadas para esta segunda-feira (13) serão realizadas sob um clima de tensão que pode rachar o partido. A decisão do atual presidente do partido, Roberto Amaral, tomada na véspera do pleito, de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, contrariando a decisão da maioria da legenda em apoiar Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais elevou o clima interno e poderá levar a fragmentação do PSB.
"O doutor Amaral decidiu fazer um rompimento com a maioria. Todas as pessoas- que têm o direito de tomar decisões, que vêm acompanhada das respectivas consequências", disse o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, ao jornal Valor Econômico. Socialista histórico e bastante próximo do PT, Amaral vinha defendendo a neutralidade do partido ou apoio à reeleição de Dilma no segundo turno. Ele acabou derrotado com a decisão da maioria dos diretórios estaduais em apoiar a candidatura tucana.
Além disso, houve uma intensa movimentação nos bastidores para tirá-lo da presidência. Parte desta pressão partiu do diretório pernambucano, que não aceita perder o protagonismo dentro da legenda após comandar o PSB desde 1983, com o ex-governador Miguel Arraes em seguida com o ex-governador Eduard Campos. Amaral assumiu o PSB após a morte de Campos em um acidente aéreo ocorrido em agosto, em Santos (SP).

Na nova composição, Siqueira – que rompeu com a ex-candidata socialista à Presidência da República, Marina Silva, logo após ela assumiu a cabeça de chapa com a morte de Campos, deverá ser alçado à condição de dirigente máximo do partido. O fato de Siqueira, que é bastante próximo de Amaral, assumir o cargo poderá apressar a saída de Marina do PSB, onde está abrigada até conseguir viabilizar a criação do seu partido, o Rede Sustentabilidade. Siqueira assume o desentendimento com Marina, mas assegura que já conversou com Marina sobre o assunto e que "não pretende criar dificuldades" para a ambientalista.
Além disso, o diretório pernambucano, - que fechou integralmente o apoio à candidatura de Aécio - deverá ocupar a secretária-geral do partido com o prefeito do Recife Geraldo Julio, e o governador eleito Paulo Câmara deverá ser o primeiro vice-presidente. O senador eleito Fernando Bezerra Coelho deverá ser o terceiro vice-presidente, o presidente estadual o PSB, Miltn Coelho e o atual governador João Lyra, deverão ocupar secretarias especiais e Dora Pires deverá permanecer à frente da Secretaria Especial de Mulheres. Desta forma, Amaral e o seu grupo, especialmente os que defendem a neutralidade ou o apoio a Dilma.
Segundo o Valor, Siqueira nega que haja algum tipo de movimento para isolar os apoiadores de Dilma ou os que preferem manter o partido neutro na disputa do segundo turno. "Erundina [Luiza Erundina] foi convidada para uma secretaria especial e preferiu não aceitar. Já o governador Ricardo Coutinho (PB), que inclusive subiu no palanque com Dilma na semana passada, foi convidado e aceitou", observou.
Pelo sim, pelo não, Amaral posicionou-se por meio de uma carta aberta onde ressalta que o apoio dos socialistas ao PSDB fez cm que o partido "jogasse no lixo" os ideais de seus fundadores e que isso pouco contribuía para construir uma "resistência de esquerda, socialista e democrática". Para o socialista, as discussões internas do PSB foram uma "disputa rastaquera dos que buscam sinecuras e recompensas nos desvãos do Estado". Amaral acusou a legenda de já estar negociando que ministérios ocuparia em um eventual governo do PSDB.
Confira aqui a matéria publicada pelo Valor sobre o assunto. 

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