Marcílio Albuquerque
Folha-PE
Um diagnóstico da zona costeira de Pernambuco, promovendo o debate entre a população e o poder público na busca de soluções. O projeto Orla, encabeçado pelo Governo Federal, visa reestruturar as faixas litorâneas, promovendo a organização entre todos que a utilizam, envolvendo, além dos moradores, banhistas, ambulantes, atletas e pescadores. Segundo especialistas, sendo dotado da maior densidade demográfica praieira do País, com cerca de 950 habitantes por quilômetro quarado, o Estado tem sofrido os impactos de um crescimento considerado desordenado. As discussões, que tiveram início ainda em 2003 e já passaram por dez municípios, chegaram na última terça-feira (23) a Olinda, refletindo problemas que ainda se fazem resentes em muitos outros locais, como o Recife, Paulista e Jaboatão dos Guararapes.

Passando para a cidade do Paulista, as queixas também são facilmente encontradas. Na conhecida praia do Janga, quem precisa domar para prover o sustento da família tem na poluição das águas um grande fantasma. “Vários condomínios despejam seus esgotos diretamente no mar, matando os peixes, que já são capturados sem vida. O lixo deixado pelos banhistas também é tragado e acaba afugentando outras espécies. As dificuldades são muitas e o dinheiro pouco”, contou o pescador Edilson Aquino, de 39 anos, que chega a passar oito dias a bordo da embarcação em busca de alguma oportunidade. De acordo coma Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), a iniciativa resultará na criação doPlano de Gestão Integrada (PGI), otimizando as atividades considerando os aspectos social, econômico e ambiental.
“O plano trará um panorama dos conflitos, colhendo cada sugestão compartilhada em uma série de reuniões setoriais. Também serão promovidas audiências públicas e a instituição de um comitê gestor, avançando até discutir os orçamentos e ações. O empoderamento da sociedade pode trazer resultados bem satisfatórios e todos são convidados a interferir”, defendeu a ambientalista e coordenadora estadual de Gerenciamento Costeiro, Andrea Olinto.
Na praia de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, o profissional liberal Edgar Batista, 44 trouxe o pequeno Pedro, de apenas três anos, para brincar na área já vitimada pelo avanço domar e um repetitivo processo de engorda. “Poderia investir em equipamentos d lazer e um espaço melhor de convivência. A praia é tão bonita, mas pouco podemos aproveitá-la”, lamentou. Já na movimentada orla de Boa Viagem, considerada um dos mai belos cartões postais do Recife, o personal trainer Ricardo Silvestre, 32, acostumado à prática de esportes como vôlei e tênis na beira-mar, se mostrou satisfeito com as intervenções realizadas no trecho. “As novas quadras e os aparelhos para exercícios são muito bem vindos, mas ainda esperamos pelas correções nas ciclovias que precisam ter as curvas suavizadas”, afirmou.