Titãs retoma fúria dos velhos tempos em Nheengatu

Antônio Assis
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Pedro Leandro
Diario de Pernambuco

O rock nacional morreu? Não é o que pensam os Titãs. Grupo dos anos 1980 mais atuante nos dias de hoje, o quarteto lançou Nheengatu, primeiro disco de inéditas desde 2009, e o resultado é surpreendentemente satisfatório.
Justiça seja feita, uma banda que já tem em seu currículo discos clássicos como Cabeça dinossauro (1986) e Jesus não tem dentes no país dos banguelas (1987) merece respeito. Mas o som do grupo parecia ter se diluído em meio ao pop radiofônico do dos anos 2000. No lugar de pedradas como Polícia e Lugar nenhum, vieram canções em sua maioria românticas e de refrões fáceis, como Epitáfio e Enquanto houver sol.
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Mas agora, em 2014, a banda parece reencontrar seu caminho. Nheengatu é um disco sujo, pesado, e acima de tudo, revoltado. As temáticas sociais estão todas lá. Há espaço para criticar a violência policial (como em Fardado), a pedofilia (na perturbadora Pedofilia), e até as pessoas que falam demais e não dizem nada (como em Fala, Renata).

Antenados com o que há de novo no rock nacional, o grupo recrutou Rafael Ramos, da Deckdisc, para produzir o álbum. Ele assina também novos lançamentos de bandas como Vespas Mandarinas, Pitty e Far from Alaska. Entre os melhores momentos do registro estão Canalha, uma regravação da música de Walter Franco, e Cadáver sobre cadáver, composta em parceria com o ex-Titã Arnaldo Antunes.
Parte da influência das letras politizadas do álbum pode ser atribuida aos protestos de junho de 2013. Com gás renovado, os Titãs lançam aquele que provavelmente é seu melhor registro desde Titanomaquia, de 1993, e provam que sim, o rock nacional está vivo e passa muito bem.

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