247 – O formal vice-presidente Michel Temer, o explosivo senador Aloysio Nunes e a aguerrida ex-ministra Marina Silva podem fazer um duelo à parte nas eleições presidenciais. Cada um com seu estilo, eles já têm o status de candidatos formais à vice-presidente nas chapas, respectivamente, da presidente Dilma Rousseff (PT), do senador Aécio Neves (PSDB) e do ex-governador Eduardo Campos (PSB). Agora, serão examinados mais de perto pelo eleitorado – e defeitos bastante proporcionais às qualidades irão aparecer.
Político de bastidores, formal e com uma base eleitoral pulverizada entre a capital e o interior de São Paulo, Michel Temer pontuou com a presidente Dilma ao se mostrar capaz de manter o PMDB dentro da aliança nacional com o PT. Na gestão, foi discreto, após um início de muitas articulações, e não se pode dizer que atrapalhou.

Com o senador Aloysio Nunes, a situação é outra. Ele entra para a chapa de Aécio com a difícil missão de mobilizar o PSDB paulista, verdadeiramente, para a campanha do senador mineiro. Na impossibilidade empolgar o ex-governador José Serra e, também, o governador Geraldo Alckmin, Aloysio tem seus próprios votos – mais de 10 milhões na última eleição para senador – para transferir a Aécio.
Respeitado dentro do PSDB, acima de sua antiga ligação com o Serra, o senador paulista teve seu nome citado nas notícias em torno do escândalo Alstom-Siemens de distribuição de propinas no governo paulista. Mas ele não teve seu nome levado dentro do processo que chegou ao Supremo Tribunal Federal. O ponto fraco de Aloysio, neste momento, está mais em seu temperamento. Nos últimos tempos, ele tem sido ríspido com interlocutores e xingou o blogueiro Rodrigo Grassi, em Brasília, num episódio de repercussão nacional. Com assédio que irá aumentar em torno dele, o senador estará desafiado, todos os dias, a driblar as provocações para não criar fatos negativos para Aécio. Um teste duro.
No campo do PSB, a ex-ministra Marina Silva não tem feito questão de esconder suas divergências com o candidato Eduardo Campos. A líder dos marineiros amplificou a repercussão da candidatura dele e, atestaram as pesquisas, acrescentou-lhe pontos positivos nas preferências. Internamente, porém, o diálogo entre eles nunca esteve tão frio. Enquanto tratava de negar seu aval a alianças como a estabelecida em São Paulo, na qual o PSB dará o vice a Alckmin, Marina já adiantou que seus planos são o de retomar a montagem do Rede a partir do próximo ano, com qualquer resultado.