Audiência sobre o Novo Recife termina sem apresentação de propostas concretas

Antônio Assis
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Geison Macedo, com informações de Carolina Leão, da Folha de Pernambuco

audiência pública que teve como objetivo discutir as diretrizes urbanísticas do redesenho do Projeto Novo Recife terminou com muitas discussões e sem a formatação de intervenções propositivas de fato. Cerca de 500 pessoas favoráveis e contra o empreendimento estiveram reunidas no auditório da Fafire, na Boa Vista, desde às 14h30, apresentando as suas ponderações sobre o assunto. Enquanto a reunião acontecia, a Prefeitura do Recife detalhou os itens resultantes da reunião técnica promovida pelo governo municipal com representantes de entidades urbanísticas e do movimento Ocupe Estelita.
O debate foi marcado por discussões calorosas, chegando a ter registros de bate-boca entre líderes comunitários do Coque. A cada apresentação de proposta, o público se manifestou tanto com vaias quanto com aplausos. Em um dos momentos da audiência, um dos representantes do Ministério Público Federal (MPF) afirmou que não foi avisado oficialmente sobre a realização do encontro. Em entrevista, o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antonio Alexandre, rebateu a informação e disse que tem como comprovar que o MPF foi notificado sobre a audiência, que terminou por volta das 20h30.
Nilton Pereira/Facebook
Debate é realizado na Fafire, no bairro da Boa Vista
Representantes de diversas entidades que participaram das discussões compareceram à audiência. Todos consideraram que o encontrorepresentou um momento emblemático na construção das diretrizes urbanísticas do Recife. “É um momento histórico, pois é um marco em que a população está discutindo como quer ofuturo da sua cidade”, declarou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Pernambuco (OAB-PE), Pedro Henrique Alves. Opresidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE), Roberto Montezuma, também comentou a importância da audiência. “Esta é uma nova oportunidade para se refletir o momento da cidade”.
Entre as diretrizes detalhadas pela Prefeitura do Recife, consta a implantação de um sistema de espaços públicos conectados à malha urbana existente; escalonamento do gabarito dos prédios previstos para o espaço do projeto Novo Recife, no Cais José Estelita; continuidade da malha viária da cidade, com integração da avenida Dantas Barreto com o bairro da Boa Vista, entre outros itens. Todos os tópicos consideram o território do Cais José Estelita e o seu entorno, compreendido na Ilha de Antônio Vaz. A área é composta pelos bairros do Cabanga, São José, Santo Antônio e Joana Bezerra.
As propostas da Prefeitura do Recife - coordenadas por Evelyne Labanca, do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS) -, trazem ainda diversas referências projetuais nacionais e internacionais. Há apresentação de modelos como a reabilitação do cais do porto de Austerlitz, em Paris; intervenções sob viadutos realizadas na Cidade do México – com aproveitamento de áreas subutilizadas para equipamentos públicos e de uso público; a readequação portuária na Nova Zelândia, além de referências com intervenções urbanísticas implantadas no Canadá, em São Paulo, Rio de Janeiro e até Salvador, entre outros.
Em nota, o Consórcio Novo Recife informou que vai aguardar as proposições de mudança do que venham a ser solicitadas pelo governo municipal depois da realização da audiência pública.
Veja a lista de premissas para diretrizes urbanísticas:
- Implantação de um sistema de espaços públicos, inclusive parques de borda, conectados à malha urbana preexistente;
- Escalonamento de gabaritos, considerando a variedade do perfil urbano da cidade histórica à contemporânea;
Continuidade da malha viária da cidade, em especial da Av. Dantas Barreto e ligações com o bairro da Boa Vista, garantindo integração e permeabilidade;
- Reabilitação de estruturas urbanas existentes dando-lhes uso sustentável e reforço à sua identidade, de acordo com os princípios da Conservação Integrada;
- Implantação de uso ativo e diversificado na escala do pedestre, ao longo das quadras/faces de rua, garantindo vitalidade, oportunidades de desenvolvimento local, e espaços urbanos sustentáveis e seguros;
- Garantia de diversidade de usos e equipamentos públicos e privados, atendendo às demandas das populações atuais e futuras do território;
 
- Promoção das condições de amenização e conforto ambiental do território em relação à cidade;
- Promoção de habitação de interesse social, valorizando a diversidade social no território da Ilha de Antônio Vaz.
Cronograma
As inscrições de propostas sobre as diretrizes urbanísticas devem ser feitas até o dia 31 de julho. Recebidas as sugestões, a Prefeitura do Recife tem 15 dias para analisá-las e entregar o material para o Consórcio Novo Recife. Após esta etapa, os responsáveis pelo empreendimento tem um mês para apresentar suas ponderações. “As diretrizes são para discutir uma questão maior e não podem impor que o Novo Recife aceite apenas as questões reivindicadas pelo Movimento Ocupe Estelita”, declarou o secretário Antônio Alexandre. O veredito final sobre o que será feito com a área do Cais José Estelita deve ser conhecido em até dois meses. As contribuições escritas ou desenhadas podem ser encaminhadas para o e-mail diretrizesantoniovaz@recife.pe.gov.br.

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