Paulo Tarso de Lyra/João Valadares
Correio Brasiliense
O relacionamento entre Eduardo Campos e Marina Silva, saudado no fim do ano passado como o acontecimento político do ano, chega ao altar hoje, em Brasília, com uma série de rusgas na base, necessidades de reafirmação constante dos votos de amor e questionamento sobre a viabilidade eleitoral da aliança na disputa presidencial de outubro. Às vésperas da convenção nacional do PSB, integrantes da Rede ratificam a parceria, mas lembram que, tão logo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conceda o registro da nova legenda, os marineiros mudam-se de mala e cuia para o partido recém-criado.
Com a intenção de gerar ciúmes, houve o cuidado para que a imagem de ambos tivesse o mesmo tamanho na convenção, para não dar ar de superioridade. “É natural que seja assim, são duas personalidades políticas que se uniram em um mesmo projeto, sem ideia de subordinação”, explicou um estrategista. Mas o discurso de afinidade não impediu que o dia de ontem fosse reservado às explicações e aos ajustes políticos. “Não há nenhum problema entre nós. As notas foram necessárias para que todos entendessem que não é um partido único, são dois unidos. O PSB abrigou uma instituição partidária, não indivíduos avulsos”, explicou o deputado Walter Feldmann (PSB-SP) que, por causa das divergências na formação de palanques regionais, deixará a vida pública e voltará a se dedicar à medicina.
Integrantes do comando do PSB afirmam que, entre Marina e Eduardo, a afinidade é completa. A sintonia repete-se entre Carlos Siqueira, Pedro Ivo e Basileu (responsáveis pela articulação política) e entre Maurício Rands e Neca Setúbal (responsáveis pela elaboração do programa de governo). O problema está na base dos partidos nos estados. “A Rede ainda funciona nos moldes do antigo PT. Precisa soltar documentos para reafirmar posições”, disse um integrante da cúpula da campanha.