Um pé atrás - Dora Kramer

Antônio Assis
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Para o seu molde, o PT tem reagido discretamente às pesquisas de opinião que vêm confirmando a dianteira da presidente Dilma Rousseff nas intenções de votos e mostrando a estagnação - quando não queda - dos pretensos adversários.

O partido é estridente, na alegria e na tristeza. Seria de se esperar que a recuperação da presidente em relação às perdas do primeiro semestre fosse motivo de foguetório.

Não tem sido assim e por um motivo: avaliações internas não consideram que a situação seja tão confortável como podem fazer crer interpretações numéricas que falam em vitória no primeiro turno "se a eleição fosse hoje".

Em primeiro lugar, se as eleições fossem "hoje", as circunstâncias seriam outras, a começar pelo grau de exposição dos outros candidatos. A presidente reina praticamente só na cena, enquanto os oponentes não lançaram suas candidaturas e o eleitorado não está mobilizado para o tema.

Aécio Neves ainda tem um alto grau de desconhecimento País afora e Eduardo Campos nem se fala; para o grande público no momento é o famoso "quem". Na penúltima pesquisa Datafolha 45% disseram que nunca ouviram falar nele e apenas 8% afirmavam conhecê-lo bem.

Quando a campanha realmente começar é evidente que vão reduzir a desvantagem. Podem até nem chegar perto de Dilma e o resultado em 2014 pode ser mesmo a reeleição da presidente. Mas parados não vão ficar.

De onde o patamar de 37% a 47% (dependendo do cenário) mostrado pela última consulta do Datafolha inspira cuidado. Dilma é a favorita, mas a eleição não está ganha nem será fácil, segundo atestam petistas que levam em conta outro dado: o movimento ascendente de dois candidatos, mais a definição dos que hoje integram o grupo dos votos nulos e em branco, tira pontos de quem tem mais.

Junto a isso, será uma disputa com dois profissionais experientes, boa estampa e malemolência política. Nas palavras de um correligionário de Dilma: "Malandros o suficiente para infernizar a vida dela durante a campanha".

O Planalto trabalha para encurtar o espaço dos dois, seja no noticiário, produzindo atos de governo de cobertura jornalística obrigatória, seja no horário eleitoral, atraindo o máximo de partidos para integrar a coalizão do PT e assegurar para Dilma o maior e deixar para eles o menor tempo possível no rádio e na televisão.

Será o perfil da reforma ministerial. À imagem e semelhança da aliança eleitoral.

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