Pernambuco 247 - O encontro ministerial realizado entre o Governo Federal e prefeitos do Estado de Pernambuco, na cidade de Gravatá (PE), teve clima de pré-campanha eleitoral. O evento, que, publicamente, teve função apenas administrativa, foi encarado como uma tentativa de aproximação junto aos gestores municipais – ligados, em sua maioria, ao governador e presidenciável pelo PSB, Eduardo Campos. Paralelamente, representantes da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), criticaram duramente a queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) por parte do Governo Federal. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT) negou que o encontro tenha razões políticas.
“Realizamos 31 eventos como esse, sem conotação política. A motivação para esses encontros é única e exclusivamente administrativa”, afirmou Ideli, durante entrevista coletiva após o encontro. Segundo a ministra, Pernambuco foi o último Estado a receber o mutirão ministerial por questões de agenda, e não devido ao governo do PSB. Mesmo com Ideli objetivando os encontros como “administrativos”, o acontecimento foi encarado por muitos como uma tentativa atingir Campos e estreitar os laços entre os gestores pernambucanos e o Governo Federal. Pernambuco é considerado o reduto eleitoral de Campos, sendo o estado onde o socialista tem o maior percentual de votos no Brasil.
A ausência do governador pessebista foi justificada pelo seu representante no evento, o secretário da Casa Civil Tadeu Alencar (PSB). Segundo ele, por não ter obrigação de comparecer aos eventos que não contem com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), o governador preferiu permanecer em Recife para cumprir agenda administrativa. O gestor era uma das autoridades previstas para abrir o evento. Alencar também criticou a redução nos repasses do FPM e exaltou o programa estadual que prevê o repasse de recursos aos municípios em um sistema semelhante ao do Governo Federal, mas de forma mais rápida e desburocratizada.
O presidente da Amupe e prefeito da cidade de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB) – um dos gestores ligados a Campos –, comandou a distribuição de panfletos com críticas ao Governo Federal no evento e bateu forte no Governo Federal ao cobrar um reajuste de 12% no FPM e solicitar um acerto de contas entre os municípios e a Previdência Social. “O INSS anda de jumento para resolver a questão previdenciária dos municípios”, disparou. Segundo ele, o Estado já perdeu R$ 500 milhões com as desonerações feitas pela União. Em outubro, prefeitos de Pernambuco realizaram um dia de greve como manifestação contra os repasses do FPM realizados pelo Governo Federal – menores do que o esperado.