Fernando Castilho - JC Negócios
Especial para o Blog de Jamildo
O senador Armando Monteiro Neto sonha um sonho impossível. O de ser candidato da oposição contra o candidato de Eduardo Campos. Impossível, porque se conseguisse isso poderia morrer já na partida da campanha trucidada pela força do líder do PSB na condição de candidato à presidência da República.

É difícil imaginar que o senador - personagem de reconhecida capacidade política entre entidades sindicais patronais, aonde chegou ao topo da categoria presidindo a CNI - imagine isso mesmo. Ou, apenas, faz o jogo de cena sabendo que não pode bater de frente com o candidato de Eduardo Campos seja ele o vice-governador, João Lyra Neto, o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho ou qualquer um dos secretários da equipe de Eduardo Campos que seja escalado.
Armando Neto sabe que, como na prefeitura do Recife de Geraldo Julio, nenhum dos três candidatos escalados tem voto para uma eleição majoritária e que só terão chance na disputa porque serão representantes da força de Eduardo Campos. E sabe melhor que ninguém que, batendo de frente, será ele contra o candidato do governador Eduardo Campos, candidato a presidente.
Também é possível imaginar que ele saiba que neste momento o melhor é ficar naquela de tentar confundir os possíveis escolhidos do governador se derretendo em salamaleques a Humberto Costa, João da Costa e João Paulo sabendo que eles apenas estão fazendo pose, pois, na hora H o Partido dos Trabalhadores terá um candidato. Exatamente porque essa é a única chance de levar a disputa pro segundo turno e a partir daí (quem tiver mais votos) a juntar os votos dos demais candidatos.
Certamente, Armando Neto sabe que só tem chance de derrotar o candidato de Eduardo Campos, seja ele quem for, no segundo turno. Isso é básico em política e ele sabe disso melhor que a “requinha” de Eduardo toda. Sabe que contra uma nojeira de votos que Eduardo Campos vai arranjar para o “poste” que for, só teria chances no segundo turno.
Ou será que ele acredita que pode vencer um candidato sem voto apoiado por Eduardo Campos batendo de frente? Será que ele não sabe que o normal, no primeiro turno de qualquer eleição com esse perfil, é ter um maior número de concorrentes para dividir os votos e forçar o segundo turno? Sabe, tem que saber!
Armando Neto não deve estar achando que vai ganhar a eleição com os 20 % de intenções de votos que tem na pesquisa, mais os votos que o PT pode, em tese, lhe dar e mais o que o prestígio de Lula e Dilma poderiam agregar à sua chapa. Ele sabe que o PT terá um grande constrangimento em pedir votos para ele, seja pelo seu histórico como partido de esquerda, ou pelo histórico pessoal de Armando Monteiro Neto.
Ou ele acha que Humberto Costa, João Paulo e João da Costa vão chegar "na palha da cana" e pedir votos para ele sem ter que explicar que isso é para derrotar Eduardo Campos, que a essa altura estará em voo nacional? Resumindo: como o PT, que sempre combateu o segmento empresarial que Armando representa, vai pedir votos para ele na Zona da Mata e no Sertão?
Armando Neto sabe, naturalmente, que Lula e Dilma estão se derretendo em rapapés para ele, exatamente, para que construa uma candidatura com o maior leque que possa arregimentar para que, ao lado do candidato do PT e de outros candidatos, possam dividir os votos do candidato de Eduardo. Se eles puderem, vão até estimular que Daniel Coelho seja candidato, que todos os partido de esquerda tenham um candidato e até que o DEM arranje um nome. Essa é a regra básica dividir para somar no segundo turno.
Se pensar diferente, talvez o senador do PTB esteja esquecendo que o PT, que hoje finge ser cordial com ele, não esqueceu que perdeu a Prefeitura do Recife exatamente porque Armando Neto e seu PTB foi o primeiro a sair da Aliança e se bandear para Eduardo Campos deixando o PT pendurando no pincel e nas suas brigas intestinais.
Talvez, ache que as pessoas esqueceram que foi ali que Armando Neto perdeu a chance de virar oposição a Eduardo. Feitas, hoje, a conta do gesto pode ver que se Armando fechasse com o PT ali, apoiando a reeleição de João da Costa, a frente de partidos não tinha rachado e talvez Geraldo Julio nem existisse como candidato.
Será que ele esquece que o PT inteiro rumina, silenciosamente, a amargura de ser expulso da Prefeitura pela porta dos fundos porque com a saída de Armando Neto e seu time, o resto da base aliada foi para Eduardo Campos deixando o partido na rua.
Ou ele acha que na campanha para prefeito do Recife o mesmo Armando Neto, que hoje critica Eduardo Campos, foi o primeiro a cerrar fileiras com ele na eleição de prefeito? Será que ele imagina que o PT já esqueceu o gesto e que vai ficar em linha com ele depois que Eduardo derrotou 12 anos de administração com um novato como Geraldo Julio?
Sabe, tem que saber! É inimaginável que a conversa gentil de hoje com o PT é jogo de cena para ir “comendo a maçaranduba do tempo” até que a eleição chegue e uma penca de partidos tente somar votos para forçar um segundo turno. Armando não pode não saber disso. Não pode achar que será candidato único da oposição só porque o PT quer derrotar Eduardo Campos apoiando ele e se anular de vez no estado. É esperto demais para não ter percebido o jogo de Lula para tentar vencer o pleito. Tem que ser.