Contra a seca, pecuaristas prometem protesto

Antônio Assis
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Mariana Almeida_PE247 - Além de enfrentar a pior seca dos últimos 50 anos, os produtores rurais de Pernambuco também não estão tendo acesso ao milho subsidiado pelo Governo Federal destinado a alimentação dos rebanhos. O problema se deve a portaria que regulamentava a venda do grão, que caducou e precisa ser renovada. Sem a devida regulamentação, cerca de 13 mil toneladas de milho estão estocadas na Central de Abastecimento (Ceasa), e outras 9 mil toneladas estão Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).  Cerca de 30 mil produtores estão prejudicados em todo o Estado. Para pressionar o governo a liberar a venda do milho, cerca de 500 produtores já confirmaram presença em um protesto, na próxima terça-feira (8), que prevê o bloqueio de rodovias e a invasão de prédios públicos. De acordo com o Sindicato de Produtores de Leite do Estado (Sinproleite), a produção diária de leite, que, em dezembro de 2011 era de 2,2 milhões de litros, atualmente é estimada em 1 milhão de litros/dia. O prejuízo diário da bacia leiteira é estimado em cerca de R$ 1,2 milhão.

Além da diminuição da produção de leite, a redução e a morte do gado em função da estiagem têm sido constantes na vida dos agricultores. Com o subsídio, os produtores cadastrados nos polos do governo adquiriam a saca de milho com 60 quilos por R$ 18,60. Agora, com a falta da autorização para o comércio, os produtores são obrigados a comprar a mesma quantidade de milho no mercado varejista, cujos preços variam entre R$ 36,00 e R$ 60,00.

De acordo com o presidente do Sindicato de Produtores de Leite do Estado (Sinproleite), Saulo Malta, a situação é crítica. “A gente vêm enfrentando uma seca que já dura mais de dois anos, e agora tem essa paralisação da venda do milho”, lamentou. “Tem muito produtor pequeno que compra duas sacas pra alimentar o gado durante o mês, e que agora só vai poder comprar uma. A gente não tem dinheiro pra comprar o milho e a água, que também tá faltando. Tem alimento mais barato, mas não pode vender”, relatou.

Segundo o secretário de Agricultura de Pernambuco, Aldo Silva, a portaria já saiu do Ministério da Fazenda, e caminha para a assinatura da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). "A expectativa era de que a presidente tivesse assinado a carta até esta quinta [3], mas não aconteceu. Esperamos agora que ela assine o documento ainda nessa sexta (4)", afirmou o secretário. "Quando ela assinar o documento, nós poderemos validar a portaria de Pernambuco", explica. Perguntado sobre o porquê do atraso da revalidação da portaria, o secretário foi enfático: “Eu tenho feito a mesma pergunta a Brasília desde a última sexta [27]”. 

A validação para a venda dos produtos expirou no último dia 30. Porém, ao contrário do que muitos esperavam, a revalidação não foi automática. “Eu posso afirmar que já entramos em contato para resolver essa situação com todas as lideranças de Pernambuco e do Brasil. Já avisamos ao Ministério da Agricultura, ao presidente da Conab e da Ceasa, além de vários senadores. Tudo para que essa situação seja normalizada o mais rápido possível”, afirmou Aldo.

Uma manifestação visando agilizar a revalidação da portaria já está marcada para o próximo dia 8. Segundo Saulo Malta, mais de 500 produtores já confirmaram presença e a estratégia envolve o bloqueio de rodovias e a ocupação de prédios públicos. "Produtores que nunca colocaram os pés no protesto vão se manifestar conosco na próxima terça-feira", afirmou.

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