POR QUE PREMIAR CALOTEIROS? - Carlos Chagas

Antônio Assis
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A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado está para decidir se aprova ou rejeita proposta da presidente Dilma para o  perdão de 80% da dívida do Congo para com o Brasil. Na fila, também encontra-se o perdão das dividas da Guiné-Equatorial, do Gabão e do Sudão. Desde Fernando Henrique o governo brasileiro perdoou dezenas de  dívidas de outros  países ao sul do deserto do Saara.

                                     Trata-se de caridade ou do reconhecimento de que eles iriam mesmo dar o calote? Tanto faz, mas a verdade é que somos nós, contribuintes do fisco, que pagamos a conta. Boa parte dessas dívidas refere-se a serviços prestados por empreiteiras nacionais, que não vão ficar no sal. Os países africanos não pagam,  quem paga é o BNDES, ou seja, nós.

                                     A tendência entre os senadores parece da interrupção do fluxo de recursos para governos inadimplentes, mas tudo dependerá do poder de convencimento do palácio do Planalto sobre integrantes de sua base parlamentar. Saberemos em poucos dias, ou horas, ainda que o principal fator dessas desastradas operações financeiras seja pouco considerado: estamos financiando a permanência de ditadores africanos, daqueles medievais cujas famílias gastam milhares de dólares nas principais capitais da Europa comprando apartamentos e carros de alto luxo.

                                     Como disse o senador José Agripino, o governo não perdoa as dívidas dos pequenos agricultores do Nordeste, postos na rua da amargura por conta da seca que assola a região. No entanto, cedemos à imposição de caloteiros externos numa infrutífera busca de seus votos nas Nações Unidas. Isso porque saltam de banda na hora de apoiar a ampliação do número de integrantes do  Conselho de Segurança, com o ingresso do Brasil no grupo dos membros permanentes. Ingenuidade em política externa costuma ser fatal para os ingênuos.


CRESCENDO FEITO RABO DE CAVALO

                                     Antes da débâcle de empresas aéreas do porte da Panair do Brasil e da Varig, sem  falar de outras menores, o Brasil possuía 450 aeroportos, claro que maioria de aspecto rudimentar, mas funcionando todos para interligar o interior com as maiores capitais.

                                     Hoje, são 120 aeroportos, ou seja, crescemos feito rabo de cavalo, para baixo, em termos de transportes aéreos. O lucro parece a objetivo único não apenas das atuais empresas, que tem direito à sobrevivência, mas do governo, temeroso de ser acusado de estatizante. Mesmo remando contra a maré, dá vontade de clamar pela Aerobrás, ainda que sem monopólio de qualquer espécie. Ou apesar de tantas críticas, a Petrobrás ainda é nossa maior empresa?


MOEDA DE TROCA

                                      Segunda-feira foram os líderes dos partidos da base do governo  na Câmara. Ontem, os líderes no Senado,  que compareceram ao palácio do Planalto. Importa reconhecer o esforço da presidente Dilma em retomar o diálogo com o Congresso, mas uma dúvida fica no ar: não tivesse a chefe do governo anunciado a liberação de 6 bilhões de reais para a aplicação das emendas individuais dos parlamentares ao orçamento, seriam promissores os entendimentos?


 A MONTANHA VAI GERANDO UM RATO

                                     Na prática, mudou de nome a Comissão da Reforma Política que funciona na Câmara. Passou a ser chamada de Comissão da Reforma Eleitoral, porque só trata de mudanças nas regras do jogo para as eleições do ano que vem em diante. E com um adendo: a maioria das propostas visa a facilitar a vida dos candidatos. Reformas políticas profundas, como o fim da reeleição, a extinção dos suplentes de senador, a diminuição do número de partidos, nem pensar…

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