Políticos ampliam mandatos através das redes sociais

Antônio Assis
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Marcelo Montatini, do Portal FolhaPE e

Maurício Júnior, do Blog da Folha

O impressionante número de manifestações que ganharam as ruas do Brasil nas últimas semanas promete mudar a mecânica de muitas de nossas estruturas públicas. Os atos, encabeçados por internautas através das redes sociais, já resultaram na redução da tarifa do transporte coletivo em mais de uma dezena de cidades do País e na aprovação de medidas que andavam, há um bom tempo, engavetadas no Congresso Nacional. O fim do voto secreto é um bom exemplo. Tomados de assalto por esse poder de mobilização das mídias virtuais, o tradicional mundo político busca um mecanismos que possam não só aproximá-lo, mas também incluí-lo. A criação e a administração de perfis nesse universo é o passo inicial.

Alguns políticos, sobretudo os parlamentares, aproveitam o grande alcance dessas plataformas digitais para, de uma forma nova, expandirem os seus mandatos e se aproximarem cada vez mais dos eleitores. Afinal, seus comentários podem ser compartilhados, curtidos e comentados por milhões de pessoas. Atualmente, segundo dados da empresa de estatísticas Socialbakers, quase um terço da população brasileira – cerca de 66 milhões cidadãos – está no Facebook.
A vereadora do Recife, Priscila Krause (DEM) utiliza diariamente três redes sociais – Facebook, Twitter e Instagram. No Face, por exemplo, a parlamentar e a sua equipe de comunicação administram dois perfis e uma fan page, com um universo de mais ou menos de 20 mil pessoas interagindo diariamente. “É como se eu estivesse na minha sala conversando com 20 mil pessoas. O eleitor não precisa de intermediário para falar comigo. A dinâmica do mandato é outra. Essa aproximação me dá a chance de estar mais próximo do meu eleitor e do cidadão”, conta Priscila.
Recentemente, o senador Humberto Costa (PT) descobriu um outro modo de interagir com a população através do Facebook. Como relator do projeto de lei que normatiza as condições de arrecadação e distribuição de direitos autorais de obras musicais, aprovado no Senado, na última quarta-feira (3), o petista criou um grupo de discussão que reuniu artistas de todo Brasil. “Abri um espaço para os músicos me enviarem propostas, sugestões e gostei muito da repercussão. A partir de agora, sempre que estiver relatando ou criando um projeto de lei com um tema específico, utilizarei essa ferramenta”, adiantou o petista.
O hoje deputado Paulo Rubem Santiago (PDT) tem uma ligação antiga com o mundo digital. Durante o mandato de vereador do Recife, entre 1991 e 1994, o seu gabinete foi o primeiro da Câmara Municipal a se informatizar. “Eu, inclusive, comprei o primeiro computador para Casa e passei a digitalizar todos os documentos do meu mandato naquela época”, relembrou, afirmando que o uso diário das mídias sociais já se encontra incorporado ao seu dia a dia. “Uso quando estou nas comissões, no plenário. Não consigo mais trabalhar sem o uso do Face. Presto informação em tempo real”, detalhou, explicando que mesmo com toda essa revolução tecnológica não abandonou a impressão anual dos boletins e jornais de papel.
Na avaliação de Raul Jungmann (PPS), com as redes sociais, a equação política mudou. “Antes, existia o binário (rua – representação política). Hoje, é um triângulo (rua – rede – representação política). Mas a rua e a rede estão bem próximas, enquanto a representação, distante”, refletiu o vereador.
Além do Facebook e Twitter, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), é um usuário assíduo do e-mail. “A pessoa que possui uma vida pública deve se comunicar com a população. Da mesma forma que se utilizava anteriormente os Correios para se comunicar – responder, criticar e conversar -, deve-se fazer hoje. A ferramenta ‘Os Correios’ é a internet”, finalizou o comunista.

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