PMDB usa Eduardo Campos para cercar o PT

Antônio Assis
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SÃO PAULO (AE) - O estremecimento da relação entre PT e PMDB no Congresso reflete e contamina a formação de palanques estaduais que darão sustentação ao projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Apesar da entrada do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e da própria petista na costura de alianças regionais para 2014, peemedebistas resistem a se aliar ao PT em estados estratégicos e ameaçam se coligar com o PSB, do governador de Pernambuco Eduardo Campos, possível candidato à Presidência.


Em estados onde a situação azedou, o PMDB já usa a aproximação com Campos como uma forma de emparedar o PT. O discurso em favor do pernambucano passou a funcionar como ferramenta de pressão contra os petistas, com um único objetivo: obter condições mais favoráveis de negociação. O principal foco de insatisfação com o PT começou no Congresso. Ficou evidente durante a aprovação da MP dos Portos na Câmara e, depois, na apresentação do pedido de abertura da CPI da Petrobras. Deputados reclamam da articulação política da presidente e defendem, nos bastidores, a candidatura de Campos. “Ele será o novo presidente da República. Há um grande desgaste com o PT”, declarou um parlamentar do PMDB.

A presidente, que não costuma entrar diretamente na costura política, começou a agir para apaziguar a aliança. Viajou a Estados em que a relação não estava boa, participou de jantares com bancadas estaduais e até interpretou o Canto Alegretense, num ato de simpatia com os peemedebistas conflagrados do Rio Grande do Sul.


O discurso peemedebista pró-Campos está mais vitaminado em Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia e Bahia. No Rio Grande do Sul, a aliança é inviável. A tendência é que o partido lance candidato próprio, com José Ivo Sartori, ex-prefeito de Caxias do Sul, ou o ex-governador Germano Rigotto. O PT tentará reeleger o governador Tarso Genro. Com um antagonismo profundo não está descartado o PMDB se aliar ao PSB ou até ao PSDB. 



Em Mato Grosso do Sul, o PMDB reclama do fortalecimento político do senador Delcídio Amaral (PT), cotado para disputar o governo. Dilma foi até a capital, entregou 300 ônibus ao lado do governador André Puccinelli, mas o PMDB não descarta dar palanque a Campos. Na Bahia, os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima lideram um movimento que deve unir o PMDB do estado aos principais partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) para lançar uma candidatura de oposição ao PT, do governador Jaques Wagner. 



No Ceará, o PT está dividido quanto ao apoio ao PMDB. Há uma tentativa de trazer o PSB, do governador Cid Gomes, para a aliança, o que será difícil se Campos for candidato. Em Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)) defende a candidatura de Campos contra o PT. No Piauí, o PMDB pode ficar dividido entre Dilma e Campos. Lá se desenha um confronto entre José Filho (PMDB), com o apoio do PSB, e Wellington Dias (PT). 

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