Blog da Folha
Os números da última pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial parecem ter fortalecido a tese de uma parcela do PSB que defende a manutenção da aliança entre o partido e o Governo Dilma Rousseff (PT), em detrimento de uma eventual candidatura do governador Eduardo Campos (PSB) ao Palácio do Planalto. Alguns integrantes desse bloco ressaltaram, em reserva, que os 6% conquistados pelo gestor pernambucano mostram que, apesar de toda sua recente movimentação nacional, o socialista não conseguiu avançar, seguindo na quarta colocação atrás do senador Aécio Neves (PSDB), da ex-ministra Marina Silva (sem partido), além da própria chefe do Executivo nacional.
“A pesquisa mostra claramente isso. A candidatura do PSB, com Eduardo, pode não avançar e terminar em quarto lugar. Algo que não seria bom para o partido. O PSB cresceu nas últimas eleições e não precisa de uma situação assim”, afirmou, reservadamente, uma alta fonte socialista, completando: “O partido pode trocar uma aliança por um caminho complicado e com grandes possibilidades de insucesso”.
Nos últimos dois meses, uma fatia do PSB tem trabalhado para demover a possível postulação de Eduardo Campos à Presidência da República. Governadores do PSB, como Renato Casagrande (Espírito Santo), e ministros, como o pernambucano Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), defendem abertamente a manutenção da aliança entre a legenda e o PT, destacando que não seria o momento dos socialistas se arriscarem numa “aventura eleitoral”.
Essa ala entende que os governadores e prefeitos socialistas devem ficar em uma situação delicada, uma vez que parcerias com o Governo Federal poderiam sofrer algum recuo no que diz respeito à liberação de recursos. A questão tem sido tratada nos bastidores como a mais delicada nas discussões sobre uma eventual postulação presidencial de Eduardo Campos.
Os governos comandados pelo PSB têm registrado importantes parcerias com a União, que viabilizaram a realização de obras importantes como a Adutora do Agreste, que teve a sua ordem de serviço assinada na semana passada. A cerimônia, inclusive, marcou um dos episódios mais tensos desse debate socialista, quando o governador Eduardo Campos chegou a afirmar que o dinheiro da intervenção não é da presidente, mas do povo. Um recado direto ao defensores da manutenção com a aliança com o PT.